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Assistindo a Em Paris com Evaldaço

Em Paris, de Christophe Honoré, 2006

Temendo que o filme Em Paris saia do cartaz no próximo final de semana, encarei ontem o dilúvio e a cidade de São Paulo naufragando. Fui à sessão das 21h20 no HSBC Belas Artes. Não fosse a projeção ruim da sala Carmen Miranda – com desfoques imperdoáveis -, a balada teria sido perfeita. Dirigido por Christophe Honoré, o longa-metragem acompanha a vida de dois irmãos ao longo de um dia. Paul, vivido pelo ator Romain Duris, sofre por ter sido abandonado pela mulher – a quem ele infernizava com dilemas masculinos e quando a moça se enche de verdade, nego não segura a onda. Deprimido, ele muda-se para a casa do pai, onde também reside o irmão mais novo, Jonathan, interpretado por Louis Garrel, um sedutor contumaz, que mascara as dores da existência.

Belos planos, diálogos envolventes, ironia, moças charmosas. Está tudo lá. O filme ainda presta tributo aos artífices da nouvelle vague local. É bacana ficar sacando as diversas referências. Pra não estragar brincadeiras alheias, mando aqui uma das mais óbvias: a cena que recria Domicílio Conjugal, lançado pelo grandioso François Truffaut em 1970.

Domicílio Conjugal, de François Truffaut, 1970

Como disse, a trapalhada da projeção quase afundou a sessão. Mas ao meu lado estava Evaldo Mocarzel. Meu ex-chefe queridíssimo, uma contradição em termos esse negócio de um ex-patrão amado. Pois sim, eles existem. Nos encontramos no café do cinema, saudamo-nos, vimos a fita e protestamos juntos. Tal qual a mulher que deu cartão vermelho ao marido vacilante, mestre Mocarzel deu adeus ao jornalismo diário e hoje é documentarista premiado. À margem da imagem (2003), Mensageiras da luz - Parteiras da Amazônia (2004), Do luto à luta (2005), Jardim Ângela (2006), Brigada Pára-quedista (2007) são alguns dos títulos do homem que fizeram a diferença em festivais de cinema por aí. Cabra bom de Nikiti City e de quem empresto a mania do “aço” para denominar afeto e importância. Valeu EvaldAÇO.

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