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Mostrando postagens de janeiro, 2008

A nova do Gnarls Barkley

O sucessor de St. Elsewhere só chega em abril. Mas Danger Mouse e Cee-Lo já oferecem um aperitivo, Run . Ouçamos aqui .

Angelina Jolie deslumbrante em São Paulo

Com essa expressão de deleite no jardim, Angelina Jolie está em São Paulo. Ao menos em foto de David Lachapelle. Deslumbrante, a gazela consegue ofuscar as outras (belas) 25 imagens selecionadas pelo fotógrafo e diretor norte-americano. A exposição chama-se 'Heaven to Hell: belezas e desastres' e fica em cartaz até o dia 5 de fevereiro no Museu Brasileiro da Escultura, o Mube (Av. Europa, 218, Jardim Europa). Das 10h às 19h. É grátis e Angelina rocks!!!!

Assistindo a Em Paris com Evaldaço

Em Paris, de Christophe Honoré, 2006 Temendo que o filme Em Paris saia do cartaz no próximo final de semana, encarei ontem o dilúvio e a cidade de São Paulo naufragando. Fui à sessão das 21h20 no HSBC Belas Artes. Não fosse a projeção ruim da sala Carmen Miranda – com desfoques imperdoáveis -, a balada teria sido perfeita. Dirigido por Christophe Honoré, o longa-metragem acompanha a vida de dois irmãos ao longo de um dia. Paul, vivido pelo ator Romain Duris, sofre por ter sido abandonado pela mulher – a quem ele infernizava com dilemas masculinos e quando a moça se enche de verdade, nego não segura a onda. Deprimido, ele muda-se para a casa do pai, onde também reside o irmão mais novo, Jonathan, interpretado por Louis Garrel, um sedutor contumaz, que mascara as dores da existência. Belos planos, diálogos envolventes, ironia, moças charmosas. Está tudo lá. O filme ainda presta tributo aos artífices da nouvelle vague local. É bacana ficar sacando as diversas referências. Pra não estrag

Roberto Piva e a falta grave

O amigaço Jotabê Medeiros presenciou a aula do grandioso Roberto Piva na Casa das Rosas, em São Paulo. A cidade, que aniversariava no último dia 25, ganhou considerações do Piva de presente. Vacilei, perdi o bonde, faltei à aula. Ainda bem que o Jota foi e descreve a aventura com a maestria de sempre. Você pode frequentar dezenas de aulas de literatura numa universidade qualquer, mas duvido que alguma delas possa ter o impacto de uma lecture de Roberto Piva. Aniversário da cidade, e ele foi convocado pela Casa das Rosas para uma aula na sexta-feira. Lorca, Heidegger, Wittgenstein, Nietzsche. Um poema de Piva deixou Cláudio Willer inflamado, ele quase subiu na mesa enquanto o lia. Estava lotado. Tinha de tudo: de gente com questões interessantes a malucos narcisistas que só queriam aparecer.“Incestuo-me pensando em você”, disse um rapaz bombadinho com cabelo repartido ao meio, que perguntou a Piva porque haviam tantos garotos em sua poesia. “Deve ser porque sou homossexual”, responde

Ingleses rejeitados no Bom Retiro

Assisti ontem ao segundo show que os “ingleses rejeitados” Cockney Rejects fizeram no Brasil. Mais precisamente no Hangar 110, em São Paulo. Localizado numa quebrada do bairro do Bom Retiro, onde a singular fauna de judeus ortodoxos, chineses e bolivianos compõe o ambiente, o lugar é o nosso CBGB’s. Fiquei alucinando na comparação enquanto me dirigia ao local - ainda mais por ser aquela a minha segunda ida. Tardiamente, só visitei o Hangar 110 pela primeira vez no show dos escoceses The Rezillos, outro clássico do punk rock, há dois anos. A caminho do equivalente nacional, lembrei, saudoso, das vezes em que estive no lendário clube de Nova York que abrigou a movimentação do punk rock e das new e no wave. Em certa ocasião, assisti ali a outro grupo que eu adorava quando moleque, o Chaos UK. Assim que subiu ao palco, o vocalista, num sotaque malaco da periferia inglesa, bradou: “Aqui neste mesmo palco estiveram Ramones, Television, Blondie, Talking Heads, não é ? Bela merda. Esses puto

Viagem ao planeta de Robert Crumb

O pai dos quadrinhos "underground" recebe El País em seu refúgio francês Jornal El País Iker Seisdedos/ Em Sauve, França Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves O anúncio de que está ficando tarde para jantar pega a lenda dos quadrinhos underground Robert Crumb sentado bem atento, murmurando uma melodia e balançando o corpo com as mãos nos joelhos. Há cerca de 30 segundos o alto-falante mono cospe a sujeira acumulada durante 80 anos nos sulcos da belíssima canção caipira americana "Lost Child", gravada pelos irmãos Stripling em Alabama nos rurais anos 1920. Qualquer um que conheça algo sobre Crumb saberá que a canção, que ele escolheu com as mãos recém-lavadas entre sua coleção de 5 mil discos raros de 78 rotações, deve terminar antes que o mundo moderno siga sua marcha. No que diz respeito a ele, o resto da vida poderia passar assim. Bem perto do velho amplificador de válvulas, absorto na música e soltando frases como: "A morte me preocupa menos do que antes.

(Metro)intermitência

Eu olho atento por entre os vãos da divisória do escritório Uma alcatéia de pedra arrasta-se vagarosa até a escada São animais exaustos e inseguros – como nós também o somos Porém, rugem, rugem alto, dirigem tudo. Ao término do desfile lento, deixo as tralhas na clausura, ganho o que acreditam ser as ruas. Os deuses tiveram seus nomes encaminhados ao SPC dos espíritos Estão imersos em dívidas registradas em um muro devidamente grafitado de lamentações na esquina. Neonazistas pardos sonham despertos com casais de mesmo sexo – e excitam-se -, enquanto atiram dos trens de subúrbio em movimento adolescentes de cabelos ensaboados e camisetas dos Ramones. Das fissuras do asfalto recapiado brotam agora pequeninos malabaristas entorpecidos pela falta. Têm todos a idade dos sobrinhos, filhinhos e netinhos daqueles que juram estar a salvo do outro lado. ”Que se passe adiante, que espetáculo do semáforo seja breve, que não nos levem os pertences”, suplicam em uníssono no interior dos modelos blin

Nós e o Television

Sem rede, que acolhe impactos, ei-nos aqui seguros nos braços da Vênus de Milo.

Pra marte

beijar-te e fazer sentido querer-te e me sentir feito um foguete que prosseguiu subindo pra Marte onde te viu sorrindo e é lindo um foguete querer-te e ter-te e infindo o dever de beijar-te as partes do mundo em que escondes teus pensamentos profunda devoção sem nenhum respeito pressinto que é o amor se chocando a um tempo de espanto de beijar-te e se ver sentindo o encanto de beijar-te e fazer sentido Bonito, né? Letra do Mauricio Pereira e música de Daniel Szafran. Tem Tonho Penhasco no violão de nylon, Skowa na percussão. Abre lindamente o disco Pramarte , que Pereira lançou no ano passado.

Um filme

Também conhecido como "O Homem que Amava as Mulheres", de 1977. Truffaut no domínio e coisa e tal. O poster, devidamente enquadrado, tem lugar de destaque numa das paredes da sala lá de casa. Alento.

Portishead na área

Diz o sítio do semanário inglês New Musical Express que o Portishead inicia em março uma nova turnê européia, a primeira da rapaziada em mais de dez anos. O show de estréia será no dia 26 de março, no Porto, em Portugal. Até maio, a performance do grupo, que lançará em 14 de abril o terceiro disco, terá italianos, escoceses, ingleses e parisienses como testemunhas. Quisera eu.

Dica da Fernanda

A linda amiga Fernanda D’Umbra, atriz das mais intensas e dona de uma escrita robusta - o Sem Gelo não me deixa mentir -, dá a dica de um poeta português chamado José Alberto Oliveira. Estou nessa. Eis um poema do cara que vem publicando deste 1992. ASÍ PASAN LOS DIAS Não quero já falar da morte, nem do amor; os gregos, que os juntaram, sabiam que transportavam a infelicidade. Também sabiam que o tempo afunda, desfigura, destrói. Confortado o desconforto, que me veio por direito, trauteio a melodia açucarada de uma cançoneta cediça.

Leonard Cohen volta aos palcos

Via jornal canadense, o IG traz uma ótima notícia: o cantor, compositor e poeta Leonard Cohen vai voltar aos palcos. Após 15 anos sem se aventurar em turnês, o homem fará uma série de shows pelo Canadá, Estados Unidos e Europa. "Estou montando meu grupo de músicos", diz ele. "Não toco violão há 14 anos, então estou um pouco ansioso." O artista vive aos 73 anos uma vida reclusa, dividindo-se entre Los Angeles e Montreal. A volta aos holofotes vem acontecendo aos poucos – tema de um belo documentário, I'm your man (2005), ele fez sua primeira aparição pública em 2006, após uma década sem ser visto. Seu último álbum, Dear Heather , é de 2004, mas Cohen compôs todas as faixas e produziu Blue Alert , terceiro disco de Anjani, com quem é casado, lançado em 2006. Olhem só um poema do livro Let Us Compare Mythologies . Poem ("I heard of a man ...") I heard of a man who says words so beautifully that if he only speaks their name women give themselves to him.

Adoráveis expressões idiomáticas

Malassombro e alma sebosa são duas expressões certeiras muito populares em Pernambuco – terra de onde vêm amigos dos quais me orgulho em ter e uma paixão de outras eras. No paralelo delirante, são equivalentes ao mala sem alça, comum em São Paulo, ou ao escroto, que eu ouvi pela primeira vez da boca de um carioca. Aproximam-se do chatão, do inapropriado, do folgado, do desagradável, enfim. Já presenciei, aos risos, muita conversa onde os termos foram usados com bastante propriedade pelos cabras. No decorrer dos posts, outras expressões favoritas dos mais variados Estados brasileiros. A geografia dos dizeres. Adoro.

Eclipse

Quando da última cópula secular terá sido bom o sexo da lua? O prazer dos astros é perceptível no céu que se tinge de negro. Enquanto isso, as pessoas (aqui em baixo) munidas de lunetas e chapas de pulmão acotovelam-se à espera do melhor momento do eclipse.

Descobrindo Waltel, mesmo

Dia desses, em animada visita ao meu querido comparsa Rodrigo Brandão, o fenomenal multiinstrumentista, compositor e arranjador paranaense Waltel Branco veio à baila. Tecemos loas a ele. Contudo, não serei eu quem vai falar aqui da importância, dos preciosos serviços prestados e do desconhecimento (quase que) geral da nação a respeito de um maestro do porte de Waltel. Sou uma besta. Deixo a tarefa em mãos de Dom Salvador, Júlio Medaglia, Roberto Menescal, Hermínio Bello de Carvalho, Ed Motta e Sérgio Ricardo, alguns dos entrevistados no revelador curta-metragem Descobrindo Waltel (2005), dirigido por Alessandro Gamo. Clique aqui .

Ode às musas da Boca do Lixo

Leio no blog Atire no Dramaturgo que a revista eletrônica Zingu! de janeiro traz um dossiê sobre as grandes musas da Boca do Lixo: Helena Ramos (foto), Matilde Mastrangi, Aldine Müller, Nicole Puzzi e Patrícia Scalvi. Localizada no centro de São Paulo, onde ainda hoje reina sem constrangimento a “Cracolândia”, a Boca do Lixo foi um dos maiores pólos cinematográficos do Brasil. Nos anos 1920 e 1930, produtoras estrangeiras como a Paramount, a Fox e a Metro fixaram endereço na rua do Triunfo. Entre as décadas de 1960 e 1980, a região foi ponto de badalação de estudantes de cinema, que podiam esbarrar com diretores como José Mojica Marins, Rogério Sganzerla, Ozualdo Candeias, Aníbal Massaini, entre outros. Além disso, distribuidoras, fábricas de equipamentos especializados e serviços de manutenção técnica faziam a roda girar. Os chamados cinema marginal e pornochanchada são dois dos gêneros mais associados à movimentação da Boca. Tendo as musas como inspiração, há no dossiê depoimentos d

Súplica de verão

Deixa a regata do Kiss Um suvenir sentimental Quando tudo mais ruir É onde eu vou me agarrar Arde o sol d’ O Estrangeiro Tua epiderme vai queimar Já incompleto por inteiro Eu suplico: amor não vá

Pra ver e ouvir agora

Decididamente não é um clipe suntuoso do Michael Gondry, trata-se da capa estática do álbum e nada mais. Nada além de uma belíssima canção, que também dá nome ao inenarrável disco What Color Is Love , lançado em 1973 pelo cantor e compositor norte-americano Terry Callier. Para ouvir e maravilhar-se com a fotografia pra lá de apropriada que ilustra o registro pura finesse.

Parabéns, guilhotina e cabeças cortadas

Já que subi duas vezes aqui neste caixote por conta do furto de "O Lavrador de Café" (1939), de Candido Portinari, e "Retrato de Suzanne Bloch", de Pablo Picasso (1904), parabenizo os policiais civis que localizaram as obras, intactas, dizem, em passeio forçado por Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. Como se sabe, os quadros foram levados do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp, no dia 20 de dezembro e a ação de resgate deu-se na noite desta terça-feira, 8. Dois suspeitos foram presos. Parabéns, parabéns. A torcida agora é que a grata recuperação das telas não seja usada como justificativa para cabeças graúdas não cortadas. Guilhotina, rapaziada, guilhotina. Bela foto de Flávio Florido

Trapalhada jamaicana

Não é só a administração do Masp que vacila e põe o acervo a perder. Registros originais feitos por Bob Marley e Peter Tosh sumiram dos arquivos da antiga rádio e TV jamaicana Jamaica Broadcasting Corp. A trapalhada foi notada quando funcionários da recém-formada Public Broadcasting Corp. procuravam as gravações no intuito de produzir programas. Na famosa mescla de letargia e "surpresa" frente às tragédias anunciadas, algo bem característico das autoridades, a ministra da Informação da Jamaica, Olivia Grange, afirmou que "o possível roubo de centenas de discos de vinil e CDs é um marco na história da ilha". Já a classe artística local e funcionários da JBC acusaram o governo de falta de manutenção e despreparo. "O mais recente acontecimento é uma desgraça nacional", nas palavras de um ex-gerente de programação da JBC Radio. Segundo a AP, os arquivos continham vídeos históricos como um visita de Fidel Castro, em 1977, e o concerto One Love Peace Concert , d

Salvo do Big Brother Brasil

Durante um período, de triste memória, eu e alguns companheiros de redação tínhamos como incumbência a cobertura do Big Brother Brasil , que chega à oitava edição nesta terça, 8. Em meio às obrigações de cada editoria – a minha musical -, acompanhávamos os passos dos participantes antes mesmo da entrada na famigerada casa e não desgrudávamos os olhos da tela, dos relatórios e das fofoquinhas. Havia inclusive uma TV ligada o tempo todo no pay-per-view com a aborrecida rotina dos brothers. Tudo rendia notas, factóides e materinhas de utilidade pública. Era preciso estar atento e forte aos paredões, às intrigas. O pior eram os plantões de final de semana encerrados com a chave de ouro da eliminação de algum infeliz. Atenção, atenção. Beirando a loucura com o passar das edições, eu questionava o meu ofício e o interesse da audiência num programa como esse – segundo dados da Rede Globo, houve 26 milhões de votantes no BBB7 , 91% deles responsáveis pela vitória de Diego Alemão. Resumindo a

Dishwasher blues

Existe uma aura romântica envolvendo a atividade de lavador de pratos. Ao menos, foi isso que eu vi em vários filmes, colunas biográficas e em alguns livros que passaram pelas minhas mãos. Basicamente são histórias parecidas, mas que nem por isso perdem em charme. Chegar a uma cidade distante, ou a outro país, e empregar-se, meio período, num restaurante oriental. Lavar pratos e depois sair em pesquisa, sedento pelas novidades do lugar. Que ótimo! É admirável o desprendimento daquele que vai tentar a vida num país longínquo. Um estrangeiro, muitas vezes movido por projetos artísticos ou ressaca de crises existenciais, instalando-se na primeira espelunca e, é claro, lavando pratos. Eu mesmo, pensando na hipótese, sempre me imaginava em Paris, caminhando pela Champs-Elysées ou escrevendo poesia sentado às mesas dos cafés no fim de tarde. As mãos ainda estariam cheirando a detergente no momento em que uma bela francesa, interessada em meus escritos, se aproximaria da mesa. Conversaríamos

Patti Smith narrando Bob Dylan? Vixe

Desde o último outubro, a Legacy Recordings, gravadora ligada ao grupo Sony e que detém boa parte do catálogo de Bob Dylan, coloca no ar um podcast semanal que soa como dádiva aos ouvidos dos fãs do cantor e compositor norte-americano. A grandiosa Patti Smith, uma de suas seguidoras mais ilustres, narra as 10 primeiras edições do podcast, que nesta semana chega ao número 12 e tem como tema a aparição do artista no Newport Folk Festival, em 1965. Trechos de canções, depoimentos de colaboradores, especialistas, testemunhas de aventuras e do próprio Dylan fazem parte dos programetes. Outra para enlouquecer os devotos é a narração do ator Sean Pean para o primeiro volume da autobiografia do bardo, Chronicles , também disponível na página. Já que criador de Mister Tambourine Man - que por conta da composição tem o livro Medo e Delírio em Las Vegas dedicado com entusiasmo pelo autor, o saudoso Hunter S. Thompson - volta ao Brasil em março, para shows em São Paulo, no Via Funchal, nos dias

Pinheiro nu

Os cartões internacionais de boas festas, as bolas vermelhas, os enfeites luminosos, algodão, tudo de volta ao fundo do armário. A que serve uma árvore de natal nos primeiros dias de janeiro? Reduzida a sua importância, o pinheiro nu ocupa agora um lugar de pouco glamour na garagem e ao lado de espadas de São Jorge e xaxins, espera ansiosamente a chegada de um novo dezembro com seus excessos gastronômicos, os cartões, bolas vermelhas, os enfeites luminosos, algodão.