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Mostrando postagens de fevereiro, 2008

Aquele que sangra

Sou fã do Ademir Assunção e ontem pude vê-lo em ação. O poeta paulista apresentou o espetáculo lírico & musical Rebelião na Zona Fantasma , na Biblioteca Alceu Amoroso Lima. Entre segunda e quarta-feira ele ministrou por lá o curso Poesia na Idade Mídia (quisera eu ter feito) e, para arrematar, acompanhou-se de Renato Oliveira (guitarra), Ricardo Garcia (percussão), Reinaldo Chulapa (baixo) e Madan (violão e vocais) num spoken word febril no auditório. No repertório, muito do disco Rebelião na Zona Fantasma (2005) e um dos poemas proferidos é daqueles que batem sem dó, O Coisa Ruim – do livro Zona Branca (Altana), de 2001, presente do amigaço Jotabê Medeiros . O Coisa Ruim me querem manso cordeiro imaculado sangrado no festim dos canibais me querem escravo ordeiro serviçal salário apertado no bolso cego mudo e boçal me querem rato acuado rabo entre as pernas medroso um verme, pegajoso mas eu sou osso duro de roer caroço faca no pescoço maremoto tufão furacão mas eu sou cão ladro

Nick Cave lembrando a cabocla

Agradeço a uma paixão da juventude a possibilidade de ter assistido a um dos shows que Nick Cave fez no Projeto SP, em 1989. Não me lembro se a cabocla ganhara ingressos numa promoção de rádio ou tinha contatos fortes na casa – lugar onde testemunhei Iggy Pop, Jesus and Mary Chain, Devo, The Sisters of Mercy, Stray Cats, entre tantos outros . O fato é que um dos bilhetes era meu e, a maravilha, aquela por quem eu arrastava asas de anjo caído seria minha ilustre companhia. Fiquei embasbacado com a performance. Enquanto Cave urrava canções de Tender Prey , a cabocla me recitava histórias de amor e morte ao pé d'ouvido. E os Bad Seeds tocavam alto na Barra Funda. Passados alguns meses, a cabocla sumiu na bruma, mas tem a minha gratidão. Já Cave, que dedicara o disco de 1988, ao ator principal do filme Pixote , de Hector Babenco, Fernando Ramos da Silva, assassinado pela polícia paulistana no ano anterior, ficou. Apaixonou-se por uma brasileira, teve herdeiro nacional e flanou por um l

Speed Freaks de volta ao lar

Depois de alguns anos de São Paulo, o inenarrável Speed Freaks voltou para o Rio de Janeiro, mais precisamente para Nikiti City, também conhecida como Niterói, sua cidade natal. Por lá, o autodenominado Funk Sinatra tem aprontado coisas como "São Gonçalo/Niterói", uma parceria com Tigrão. "Encontrei o Tigrão anteontem. Escrevemos a música em uma hora e meia, tomando café, fumando um baseado", nos conta o homem neste videoclipe produzido pela Máfia Filmes. Sinistro.

Festa do terceiro mundo

Terceiro mundo festivo , disco novo do bravo, bravíssimo, Wado . Pra baixar e ser feliz. Foto de Maira Villela

Marcelo Mirisola debuta no congresso

Marcelo Mirisola manda avisar que estréia (estreou) nesta segunda-feira, 25, no Congresso em Foco . Como vocês já devem ter lido por aqui, o cara lança em março o livro Proibidão , seleta de textos censurados por editores de revistas, jornais e departamentos jurídicos de portais da internet. Tudo assinado por ele. Para iniciar os trabalhos no novo sítio, Mirisola escreve: "O pensamento foi substituído pela performance. As aberrações entraram na ordem do dia; quanto mais estranho e excêntrico o produto-gado (tanto faz se for escritor ou pastor da Igreja do Evangelho do Final da Picada), mais e mais a platéia correspondia. A palavra de ordem, pois, é esta: interação. Para que talento, né?" . Bom, vão à crônica na integra e sintam o drama.

Fernando Pessoa e a Coca-Cola por Alberto Marsicano

LISBOA (Portugal) TÁ FIXE! Contemplo o altivo transatlântico que me levará de volta ao Brasil. Chego com antecedência pois não há nada pior que perder a viagem mirando ao longe o barco partir e todos dando adeus. No cais folheio um jornal e, ao ver os anúncios, lembrei que Fernando Pessoa, nos anos 20, fora o primeiro a criar no português uma publicidade para a Coca-Cola. Como o produto fora lançado em Portugal e ninguém estava aturando a bebida, Fernando Pessoa elaboraria o inspirado slogan: "Coca-Cola, primeiro estranha-se e depois entranha-se". Na seção "Troca e venda de animais", noto o curioso classificado: "Troca-se galo que canta às quatro da manhã por um que cante às oito". E logo abaixo vinha outra preciosidade lusitana: "Vendo pitbull (equilibrado)". Tem muito mais dessas no livro Crônicas Marsicanas (L&PM), que o grande Alberto Marsicano lançou recentemente. No volume, as aventuras do citarista, poeta e filósofo com gente da e

Aprontando com Romulo Fróes

O Romulo Fróes tem dois discos lindos, Calado (2004) e Cão (2006). Não o conhecia pessoalmente, ainda que tenhamos freqüentado os mesmos porões paulistanos no século passado e dividamos amigos comuns. Há alguns meses, pude finalmente declarar-lhe a afeição às canções. Ele, pra minha surpresa, também disse curtir minhas mal-traçadas linhas. Nos tornamos parceiros quase que na seqüência. A primeira da dobradinha é "Apesar dos pesares". Escrevi a letra tento uma melodia tristonha do Fróes como guia. Terminada a batucada da escrita, mandei pelo "E-milio", como diria o Saramago (note a intimidade com o Prêmio Nobel de literatura, hahah ). Dali a pouco uma versão voz e violão repousava grave em minha caixa de mensagens. Fiquei bem feliz, honrado mesmo. Neste sábado, 23, é possível que eu seja apresentado ao resultado final. Quem sabe não verei nossa cria ao vivo e em cores. Fróes toca com sua fina banda, formada por Fábio Sá (baixo), Guilherme Held (guitarra) e Curumi

Sonantes soando

Respondendo pelo nome de Sonantes , os amigos Céu, Dengue, Gui Amabis, Pupillo e Rica Amabis têm cometido belezuras. Soando.

Bad Brains, fotos e anedotas

Bad Brains , amigos. Banda adorada em registro fotográfico de 1980. Foto de Lucian Perkins extraída do livro Banned DC Photos and Anecdotes from the Punk Underground (79 – 85) , editado e compilado por Cynthia Connolly, Leslie Clague e Sharon Cheslow. Altamente recomendável.

Fidel e o cansaço

Após governar Cuba por quase meio século, Fidel Castro, renunciou ao poder nesta terça-feira, 19. Por meio de uma carta publicada no Granma , periódico do Partido Comunista Cubano, "El comandante" se despede oficialmente do jogo político - algo que vem acontecendo desde de julho de 2006, quando, pós-operado do intestino, transmitiu a direção da ilha ao irmão, Raúl. Estou tentando me lembrar de outro ditador que tenha colocado o cargo à disposição. Normalmente, eles são depostos, morrem assassinados ou dão fim às próprias vidas. Renunciar, ainda que no limite das forças, é prova da sagacidade do líder. Soa até como um ato democrático do controverso ícone esquerdista.

Miles e quinteto

Pôster de um showzinho que teve em 1957 na Costa Oeste norte-americana. Tá bom ou quer mais?

Shows, dança e muito calor na noite paulistana

O Macaco Bong já tinha a minha simpatia. Mas vê-los ontem, em rápida aparição no Centro Cultural São Paulo, comprovou o inquestionável: a banda é foda. O trio de Cuiabá surgiu na surpresa. A convite dos valorosos Los Porongas , do Acre, e Terminal Guadalupe , Curitiba – dois dos grupos mais elogiados, por puros méritos, pela imprensa musical em 2007 -, o Macaco Bong apresentou um tema que estará no disco que sai em março. Belo programa, belíssimas bandas. O único fato a se lamentar é o calor das savanas africanas que faz na charmosa Sala Adoniran Barbosa. Tenho certeza de que um dos sambistas maiores da paulicéia desvairada, a ex-terra da garoa, desaprovaria a falta do ar condicionado - em manutenção, como informa um cartaz em frente à bilheteria. Estive lá em início de janeiro e o cartaz, juntamente com o calor n’alma, se fazia presente. Suor em bicas. Já na madrugada, beneficiada pelo final do horário de verão e o atraso dos relógios, me dirigi ao Duplex, nos Jardins. Ali realizav

Charles Baudelaire prenuncia o final de semana

Correspondances , um dos poemaços de Charles Baudelaire (1821—1867), traduzido como Correspondências por um mestre no assunto: Rodrigo Garcia Lopes. Correspondências A natureza é um templo onde vivos pilares Às vezes deixam escapar enredos insólitos; O homem passa por esta floresta de símbolos Que os espiam com seus olhos familiares. Como ecos profundos que longe se confundem Numa sombria e profunda unidade, Vasta como a noite e a claridade, Sons, cores e perfumes se correspondem. Aromas frescos como a carne dos infantes, Doces como oboés, verdes como a campina, E outros, devassos, ricos e triunfantes, Trazem em si a fluidez das coisas infinitas, Âmbar, almíscar e incenso confundidos Cantando o transporte do espírito e dos sentidos. Correspondances La nature est un temple où de vivants piliers Laissent parfois sortir de confuses paroles L'homme y passe à travers des forêts de symboles Qui l'observent avec des regards familiers. Comme de longs échos qui de loin se confondent Da

Scarlett Johnasson canta para a juventude

Leio que Scarlett Johnasson, atual musa cinematográfica de Woody Allen, lança no dia 20 de maio sua estréia musical propriamanete dita - no ano passado, a moça ronronou Just Like Honey , em dueto com o Jesus and Mary Chain, no Coachella Festival. O debute fonográfico chama-se Anywhere I Lay My Head e traz 10 versões para composições de Tom Waits. Há uma faixa inédita, Song for Jo . De acordo com Scarlett, o projeto inicial era o de um disco de standards, mas o universo "waitiniano" se impôs. “Suas melodias são tão lindas e sua voz é tão distinta”, comenta a atriz. Ainda segundo ela, o autor aprovou o resultado. “Mostrei a ele as primeiras gravações e ele me disse para seguir em frente". David Bowie, que canta Falling Down e Fannin' Street , e Nick Zinner, guitarrista do Yeah Yeah Yeahs, são algumas das participações especiais. Dave Sitek, do TV on The Radio, assina a produção. Entendo perfeitamente esses caras todos.

Tesão e soul

Mestre Laerte e o tesão involuntário. Sharon Jones & The Dap-Kings e o soul que não mente. Vamos em frente.

A nova do REM, o fantasma camarada do T-Rex e o Thriller

Ouçamos Supernatural Superserious , meus amigos. Primeiro single de Accelerate , álbum que o REM lança no dia 1 de abril (dia da mentira? ahahah). A canção “vazou” na internet semana passada. Num dos vídeos postados diariamente no hotsite do registro , o vocalista Michael Stipe diz que o T-Rex foi bastante influente durante o período de confecção das novas músicas. Salve Marc Bolan. Ah! E há exatos 25 anos, Michael Jackson lançava o grandioso Thriller . Produzido por Quincy Jones, vocês sabem, o disco vendeu mais de 750 milhões de cópias pelo mundo, conquistou oito prêmios Grammy e quase 60 discos de platina. Vários brindes.

Ava Gardner dança

Lançado em 1954, The Barefoot Contessa , ou A Condessa Descalça , é dirigido por Joseph L. Mankiewicz. Assistindo ao filme, que narra glórias e tragédias de uma dançarina espanhola em Hollywood, dá para compreender o quase ocaso de Frank Sinatra: transtornado de amor, voz diminuta, vagando feito um zumbi por sets de filmagem. Afinal, quem - com um mínimo de sangue nas veias - não teria nervos abalados por uma Ava Gardner (a tal condessa) que dança? Humphrey Bogart também está no elenco.

Brian Jackson quer tocar no Brasil

Como a torcida do Corinthians – quem vê pensa que curto futebol - , eu amo o MySpace ! Por conta do site, tenho mantido contato com o fenomenal multiinstrumentista norte-americano Brian Jackson, parceiro de Gil Scott-Heron - outro mestre absoluto, chegado a uma autodestruição que não se justifica e do qual falaremos aqui em outra ocasião. Pieces of a Man, Free Will, Winter in America, First Minute of a New Day, From South Africa to South Carolina, Bridges e Secrets são algumas das obras de arte geradas pelo encontro da dupla. Durante uma troca de mensagens, Brian Jackson confessou o desejo de se apresentar no Brasil. “Estamos tentando, man. Um dia acontece”, me disse o cara. Ah, se eu fosse promotor de shows... Na terceira segunda-feira de fevereiro, dia 18, ele toca no lendário clube Blue Note, em Nova York. Ah, se eu...

Educação do corpo com o professor Pop

Aula avançada de expressão corporal: o jovem Iggy Pop e sua turma nalgum (micro)ponto dos anos 1970.

Cartões corporativos

Apesar de pagar a fatura dos cartões corporativos, ou seriam cartões governamentais, como questionava um comentarista político na manhã desta quinta-feira, eu não tinha visto ainda a carinha de um deles. Muito prazer seu cartão. Agora estou tranqüilo. Que venham mais contas de free shop, restaurantes, choperias, veterinário, loja de instrumentos musicais, joalherias... Os tais cartões, você sabe, estão em poder de gente que ocupa postos-chave na administração pública e que faz pagamentos de urgência, compra serviço, adquire produto ou cobre gastos de viagens não-programadas.

Grande Erikah Badu

1997 foi o ano em que a bela Erikah Badu surgiu com o primeiro álbum, Baduizm . O disco tinha (tem) maravilhas como Next Lifetime, Afro, Otherside of the Game e o sucesso On & On . Pela estréia fonográfica, a moça levou pra casa os Grammy de melhor álbum de R&B e melhor performance vocal feminina. Lembrei agora.

Carbônicos para a segunda-feira de carnaval e outros dias de folia

Senhoras e senhores, Carbônicos com os absurdos The Charts. Performance ao vivo de um dos melhores e mais saudosos grupos dos tristes trópicos. "Olho para o sol que queima as faces/ perto de alguma decisão/ as mentiras rasgam o ar/ cos-mo-po-li-ta coração/ e nosso amor se esvai com a fumaça" , nos diz o Flávio Telles.

O significado do carnaval

Me informa aqui o pai dos burros: car.na.val sm ( ital carnevale ) 1 Folc Período de três dias de folia que precede a quarta-feira de cinzas, durante o qual, com o afrouxamento das normas morais, se dá o irromper de recalques, por meio de danças, cantos, trejeitos, indumentária diversa da habitual etc. No Brasil aparecem após a guerra do Paraguai, como forma nova do entrudo. 2 Folguedo, orgia. 3 Mascarada.

O Natimorto e a praça

Fiz algo de bom a minha pessoa ontem. Testemunhei O Natimorto – Um Musical Silencioso , texto de Lourenço Mutarelli, adaptado e dirigido pelo mestre Mário Bortolloto, com a assistência da Fernanda D’Umbra. Coisa séria. Portanto, se o caro leitor quiser proporcionar algo de bom a si mesmo, vá ao Espaço Parlapatões e presencie as atuações estupendas de Nilton Bicudo, Maria Manoella e Martha Nowill numa história de solidão conjugada, fumo desenfreado, bipolaridade e tomates que ferem a alma. Algo que me fez um bem danado. Tem até música do grandioso La Carne pra conduzir a platéia à rua. Isso sem contar que na saída do espetáculo, ao tentar me recompor da experiência sob a brisa da praça Roosevelt – lugar que freqüentei tanto, onde aprontei tanto, nos tempos imemoriais do Cais, Hoellisch e Der Tempel -, encontrei o milenar Gilsão trajando uma camiseta do Hezbollah e tive agradável conversa com o escritor Marcelo Mirisola. Entre outras, o homem me contou que em março lança novo livro. Vai