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Charles Baudelaire prenuncia o final de semana


Correspondances, um dos poemaços de Charles Baudelaire (1821—1867), traduzido como Correspondências por um mestre no assunto: Rodrigo Garcia Lopes.

Correspondências

A natureza é um templo onde vivos pilares
Às vezes deixam escapar enredos insólitos;
O homem passa por esta floresta de símbolos
Que os espiam com seus olhos familiares.

Como ecos profundos que longe se confundem
Numa sombria e profunda unidade,
Vasta como a noite e a claridade,
Sons, cores e perfumes se correspondem.

Aromas frescos como a carne dos infantes,
Doces como oboés, verdes como a campina,
E outros, devassos, ricos e triunfantes,

Trazem em si a fluidez das coisas infinitas,
Âmbar, almíscar e incenso confundidos
Cantando o transporte do espírito e dos sentidos.

Correspondances

La nature est un temple où de vivants piliers
Laissent parfois sortir de confuses paroles
L'homme y passe à travers des forêts de symboles
Qui l'observent avec des regards familiers.

Comme de longs échos qui de loin se confondent
Dans une ténébreuse et profonde unité,
Vaste comme une nuit et comme la clarté,
Les parfums, les couleurs et les sons se répondent.

Il est des parfums frais comme de chairs d'enfants,
Doux comme les hautbois, verts comme les prairies,
—Et d'autres, corrompus, riches et triomphants,

Ayant l'expansion des choses infinies,
Comme l'ambre, le musc, le benjoin et l'encens,
Qui chantent les transports de l'esprit et des sens.


Charles Baudelaire

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