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Ilustração extraída de O Caricato
Acompanhado da mãe, garotinho de uns seis, sete anos passa por mim e, no final do discurso que faz aos quatro ventos, solta um "rock’n’roll". A mãe, que o traz pela mão e segue pela calçada a passos firmes, pára, de súbito. "Rock’n’roll? O que é isso, Carlos?", indaga ela, surpresa e grave, ao menino. Como o ângulo de visão de nossos trajetos já tinha sido comprometido – àquela altura eu estava de costas para eles -, e a algazarra da região central da cidade inundava o ar, foi impossível ouvir a resposta do moleque. O que, curioso e dado a obsessões que sou, lamento profundamente. Desde o ocorrido, não consigo parar de pensar no que teria dito a criança a respeito da expressão proferida. Ou ainda: qual a bronca da mãe com o gênero musical criado pela negrada norte-americana. Eis mais uma das dúvidas que se acumulam na minha lista de incertezas. Mais uma das sentenças sem resposta que levarei comigo até o último dos dias.
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