James Hetfield, Lars Ulrich, Robert Trujillo e Kirk Hammett: ternura
Apesar da entrevista coletiva protocolar – se bem que as perguntas de alguns colegas de profissão também não ajudaram – e do calor insuportável do salão nobre do Estádio do Morumbi, onde eu, companheiros de ofício, gente de gravadora e banda fritávamos sob as luzes do teto são-paulino, foi uma bela noite de sábado. Em meio à quentura, o Metallica foi agraciado com duas provas de seu poder de fogo no Brasil: o disco de ouro (40 mil cópias vendidas) por Death magnetic e o DVD de platina duplo (60 mil cópías) pelo consumo interno de Orgulho, paixão e glória. O hall do auditório estava mais fresco, adoro um ar condicionado. Terminada a coletiva, nos dirigimos à sala de imprensa. Fico tentando lembrar da última vez em que estive naquele estádio. Não sei dizer – detalhe, nunca testemunhei uma partida de futebol in loco. Um amigo corintiano, ex-membro da Gaviões da Fiel, passa muito mal. Detesta estar ali. A experiência de circular pelos bastidores do território inimigo mexe com seus instintos boleiros.
Assisto ao show de abertura: Sepultura, patrimônio nacional. Colegas lembram que quando da última passagem do Metallica pelo Brasil, em 1999, houve um repentino boicote dos norte-americanos com relação aos mineiros. Ouvi dizer também. Comemorando 25 anos de bate-cabeça, o Sepultura tocou músicas do disco mais recente, A-Lex, e clássicos da carreira notável – a rapaziada na audiência embarcou na viagem. Gol.
Noite feita, palco trocado. Imagens do grandioso spaghetti western The Good, The Bad & The Ugly (Três homens em conflito), dirigido por Sergio Leone em 1966, surgem no telão. Clint Eastwood e Eli Wallach dividem a cena que termina com a tomada geral de um cemitério do velho-oeste. "The ecstasy of gold", de Ennio Morricone, é o que se ouve pelo sistema de som. Que início. Para uma banda que passou pelos apuros registrados no documentário Some Kind Of Monster e pelo bobalhão desejo de vingança contra aqueles que compartilharam suas músicas via Napster, o Metallica de 2010 está leve, ainda que pesadão. "Nossa missão é fazer as pessoas se sentirem bem. Muito obrigado por vocês nos apoiarem nos momentos difíceis e nos bons momentos como esse que estamos vivendo agora. Juntos, somos cada vez mais fortes. Somos uma família”, afirma um terno James Hetfield. Boicotes também caíram por terra. "Sad but true" é dedicada à banda que acabara de dividir o palco com eles."Essa música vai para os nossos amigos do Sepultura, que sabem muito bem, assim como nós, que vocês gostam de um som pesado. Vocês querem mais peso?”, indaga o vocalista.
O show é técnico, clean e diversificado. Há as pauladaças que dialogam com o punk e as baladas para acender isqueiros, celulares e abraçar as gatinhas. "Como eu sou do hardcore, essa música é a deixa para eu ir ao banheiro e dar uma mijada", brinca Marcão, vocalista do mítico Lobotomia, aos primeiros acordes plácidos de "One" - e foi mesmo, ahaha. Tem pirotecnia também. Em suma, foi uma bela noite de sábado. E, o melhor de tudo, a meteorologia errou. Minha capa de chuva, adquirida no susto, durante o memorável show do Sonic Youth na última edição do Planeta Terra, não foi usada. Está sequinha e embalada na minha mochila. Como diria Akira S & As Garotas que Erraram em "Sobre as pernas", "o inferno tem mil entradas", uma delas, certamente, é um show de rock embaixo de chuva. Valeu São Pedro.
Eis as canções tocadas pela banda no show deste sábado, 30. Eles alteram ordem e músicas a cada apresentação, garantem.
"Creeping death"
"For whom the bell tolls"
"The four horsemen"
"Harvester of sorrow"
"Fade to black"
"That was just your life"
"The day that never comes"
"Sad but true"
"Broken, beat and scarred"
"One"
"Master of puppets"
"Blackened"
"Nothing else satters"
"Enter Sandman"
Bis
"Stone cold crazy" (cover do Queen)
"Motorbreath"
"Seek and destroy"
Apesar da entrevista coletiva protocolar – se bem que as perguntas de alguns colegas de profissão também não ajudaram – e do calor insuportável do salão nobre do Estádio do Morumbi, onde eu, companheiros de ofício, gente de gravadora e banda fritávamos sob as luzes do teto são-paulino, foi uma bela noite de sábado. Em meio à quentura, o Metallica foi agraciado com duas provas de seu poder de fogo no Brasil: o disco de ouro (40 mil cópias vendidas) por Death magnetic e o DVD de platina duplo (60 mil cópías) pelo consumo interno de Orgulho, paixão e glória. O hall do auditório estava mais fresco, adoro um ar condicionado. Terminada a coletiva, nos dirigimos à sala de imprensa. Fico tentando lembrar da última vez em que estive naquele estádio. Não sei dizer – detalhe, nunca testemunhei uma partida de futebol in loco. Um amigo corintiano, ex-membro da Gaviões da Fiel, passa muito mal. Detesta estar ali. A experiência de circular pelos bastidores do território inimigo mexe com seus instintos boleiros.
Assisto ao show de abertura: Sepultura, patrimônio nacional. Colegas lembram que quando da última passagem do Metallica pelo Brasil, em 1999, houve um repentino boicote dos norte-americanos com relação aos mineiros. Ouvi dizer também. Comemorando 25 anos de bate-cabeça, o Sepultura tocou músicas do disco mais recente, A-Lex, e clássicos da carreira notável – a rapaziada na audiência embarcou na viagem. Gol.
Noite feita, palco trocado. Imagens do grandioso spaghetti western The Good, The Bad & The Ugly (Três homens em conflito), dirigido por Sergio Leone em 1966, surgem no telão. Clint Eastwood e Eli Wallach dividem a cena que termina com a tomada geral de um cemitério do velho-oeste. "The ecstasy of gold", de Ennio Morricone, é o que se ouve pelo sistema de som. Que início. Para uma banda que passou pelos apuros registrados no documentário Some Kind Of Monster e pelo bobalhão desejo de vingança contra aqueles que compartilharam suas músicas via Napster, o Metallica de 2010 está leve, ainda que pesadão. "Nossa missão é fazer as pessoas se sentirem bem. Muito obrigado por vocês nos apoiarem nos momentos difíceis e nos bons momentos como esse que estamos vivendo agora. Juntos, somos cada vez mais fortes. Somos uma família”, afirma um terno James Hetfield. Boicotes também caíram por terra. "Sad but true" é dedicada à banda que acabara de dividir o palco com eles."Essa música vai para os nossos amigos do Sepultura, que sabem muito bem, assim como nós, que vocês gostam de um som pesado. Vocês querem mais peso?”, indaga o vocalista.
O show é técnico, clean e diversificado. Há as pauladaças que dialogam com o punk e as baladas para acender isqueiros, celulares e abraçar as gatinhas. "Como eu sou do hardcore, essa música é a deixa para eu ir ao banheiro e dar uma mijada", brinca Marcão, vocalista do mítico Lobotomia, aos primeiros acordes plácidos de "One" - e foi mesmo, ahaha. Tem pirotecnia também. Em suma, foi uma bela noite de sábado. E, o melhor de tudo, a meteorologia errou. Minha capa de chuva, adquirida no susto, durante o memorável show do Sonic Youth na última edição do Planeta Terra, não foi usada. Está sequinha e embalada na minha mochila. Como diria Akira S & As Garotas que Erraram em "Sobre as pernas", "o inferno tem mil entradas", uma delas, certamente, é um show de rock embaixo de chuva. Valeu São Pedro.
Eis as canções tocadas pela banda no show deste sábado, 30. Eles alteram ordem e músicas a cada apresentação, garantem.
"Creeping death"
"For whom the bell tolls"
"The four horsemen"
"Harvester of sorrow"
"Fade to black"
"That was just your life"
"The day that never comes"
"Sad but true"
"Broken, beat and scarred"
"One"
"Master of puppets"
"Blackened"
"Nothing else satters"
"Enter Sandman"
Bis
"Stone cold crazy" (cover do Queen)
"Motorbreath"
"Seek and destroy"
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