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O Cavaleiro das Trevas e o manifesto psychobilly


Há teorizações bem mais fundamentadas que as minhas acerca de Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight) por aí. Humildemente, só digo que a seqüência inicial – a do assalto -, a expressão facial do Coringa (um assombroso Heath Ledger) acompanhada de suas justificativas para o mal que o excita e as traquitanas do Homem-Morcego em funcionamento valem o ingresso.

O roteiro tem lá seus vacilos: quem sabe uma outra visita ao filme ajude a esclarecer algumas dúvidas. Bem, o fato é que a estréia da produção de Cristopher Nolan propiciou-me uma nova ida ao clássico de Frank Miller, Batman – O Cavaleiro das Trevas. Fui ao acervo, abri a edição encadernada lançada no século passado e constatei que dela só ficou mesmo o subtítulo. Sim, temos as hesitações de Batman no filme, mas na HQ ele havia abandonado o uniforme e deixado Gotham City à própria sorte por 20 anos. É um herói da terceira idade, ciente de sua vulnerabilidade e repleto de culpas que se apresenta na banda desenha, como diriam os portugueses. Tem até o embate fatal com o Superman e todo o pano de fundo sócio-político da trama. Coisa finíssima. Recomendo vivamente.

Pois no final de semana eu conversava com amigos que fizeram parte dos primórdios da cena psychobilly no Brasil. Tal qual este que digita, essa turma sempre cultuou o Batman - personagem criado pelo grande Bob Kane, em 1939, vocês sabem. Morremos de rir ao lembrar que quando da estréia do primeiro Batman (1989), de um ainda tímido Tim Burton, filme que também tinha um Coringa que se destacou mais que o herói em questão (afinal de contas, Michael Keaton não pega nada, né? Ainda mais tendo Jack Nicholson como vilão), houve uma revolta dos topetudos. Nada a ver com enquadramentos, diálogos ou efeitos especiais da película. Em verdade, a bronca psycho residia no fato da trilha sonora do longa-metragem ser assinada pelo cantor Prince e não por bandas como The Cramps, Meteors ou Guana Batz. Nem a Kim Bessinger desfilando pela tela arrefeceu os ânimos. Paixão e maluquice dignas dos melhores protestantes. Imaginem só.

Comentários

EDUARDO BEU disse…
pô Carneiro, a reclamação generalizada dos phycos eu ate entendo, mas não pode esperar uma trilha sonora dessa num filme americano caro. Isso nunca vai rolar. Se fosse numa produção independente, ai sim. O T.Burton nao tem tradição de colocar trilha com bandas, prefere as majestosas e clássicas trilhas. Pra suportar uma trilha bacanaça com estes bandas, teria que ter a direção de um Jarmusch, Lynch, Ferrara, Tarantino ou os Brothers Coen.
Anônimo disse…
Exato. Daí a maluquice da reclamação da rapaziada, ahahah. Mas manifesto juvenil tem que ter um naco de delírio. Ia ser impossível mesmo uma trilha psycho - como os psychos queriam - num filme do Burton. Ainda mais pq ele só foi poder apitar mesmo acho que à partir do Mãos de Tesoura, né? Nego trabalha em Hollywood. Abs.

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