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A intenção com o Bípede


O projeto Bípede, que teve em sua gênese as experimentações dos grupos CTRL+Z e Bounce, é capitaneado pelos meus amigos Davi Roque e Ronaldo Rossato. Personas boníssimas da Osasco dos Meus Amores (salve Ricardo Dias), como o lacarneano Linari (que letra linda, brimo!), o beatleneano Ricardo Ventz e o clássico Bruxxo, são alguns dos colaboradores. A convite dos rapazes, também dei pitaco na bagunça e parimos A Intenção - a última do player -, cujo poema maluquete posto logo abaixo.

A Intenção

Eu me aproprio de você
obra minha, distante, inconclusiva
um work in progress dúbio
uma paixão que é fugidia
deliro em ti como a tela em branco
e ensaio um transe sampelado de Pollock
me agarro às tuas ancas num desespero de Guernica

E improviso uma soul music
"Don’t make me stop now, Don’t make me stop now"
eu grito em aberturas das tuas exposições
é o som ambiente que se escuta nos vernissages do teu andar

Eu invado a tua órbita
como um satélite desavisado enviado a uma celeste rinha
desvendar espaços teus é minha astrofísica sina
e tenho estrelas displicentes
os planetas nus como vigias
desvio-me dos cometas rotos – esses que em verdade são as vítimas –
e os Brasinhas do Espaço atravessam a linha de visão.
é o momento mais perigoso da viagem
febril, vislumbro desenhos animados da infância
alucino gravitando ao teu redor

Você é a idade da razão
em direção ao teu colo que pretendo manso
sigo pé ante pé, nada é em vão
me demoro, perco tempo, a juvenilia
aceito o conselho, envelheço
de cabelos nevoados, alma curtida em tonéis de estrebaria
quero ser teu mais antigo amante
que visita lembranças selvagens – daquelas que agitam o sono
e perturbam sobretudo ao lado das novas companhias


Quisera eu ser o resumo das intenções tardias
o contato com o teu eterno, um misticismo ancestral de quinta categoria,
charlatanismo permitido e nós, a dupla de xamãs preferida
charlatanismo permitido e eu, teu guia

Comentários

Anônimo disse…
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse…
show brimo!
Anônimo disse…
Escrevo não para falar do Projeto Bípede, do qual faz parte o Bruxxxo, que eu conheço e de quem gosto muito.
Escrevo para falar de vc ( porque te conheço desde antes, desde sempre) e entendi a sua provocação carinhosa.
Quando vc retrata a divisa entre Osasco e São Paulo, vc contextualiza, coloca em imagem visual, o dilema do jovem osasquense: ultrapassá-ça ou morrer.
Vc sabe que eu rompi essa barreira um dia, apesar do tanto que eu gosto de Osasco.
Vc também rompeu. Saiu da imprensa local e hoje é uma referência nacional no jornalismo que vc faz.
Admiro vc,sou seu fã também por isso.
Um dia, quando vc estiver velho
( argh!), volte para contar estórias para os mais jovens.
Amo vc.
Ricardo Aparecido Dias
Anônimo disse…
Também te amo, pai! Sou só uma imitação tua. Bjs
Anônimo disse…
Sobre "Bípede": DO CARALHO!
Sem mais palavras.
Saudações do país das Canetas Engatilhadas,
Karina
Anônimo disse…
Valeu Karina!

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Escovinha ou função, um breve estudo sociológico

'Back in black' (1986), do Whodini; “I’m a ho!” é a quarta faixa do álbum Dia desses, no Facebook, o amigo Neco Gurgel postou uma música do Whodini, a clássica “I’m a ho!”. Nos bailes black de periferia, o refrão da faixa era conhecido e sobretudo cantado como “Desamarrou (e não amarrou)”. Paródias do tipo eram bastante comuns naqueles tempos, final dos anos 1970, começo dos 1980. Na tradução marota da rapaziada, o funk "Oops upside your head", da Gap Band, por exemplo, ficou informalmente eternizada como "Seu cu só sai de ré". Já “DJ innovator”, de Chubb Rock, era “Lagartixa na parede”- inclusive gravada, quase que simultaneamente, por NDee Naldinho, em 1988, como “Melô da lagartixa”. A música do Whodini, lançada em 1986, remete a um fenômeno que tomou as ruas do centro de São Paulo, e periferias vizinhas, antes da cultura hip hop se estabelecer de fato: o escovinha, também chamado de função. Em “Senhor tempo bom”, de 1996, os mestres Thaíde & DJ Hu