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Jequitibá e Avenca


"A música é muito grande. Clássica e popular. Só de samba existem mil espécies, como o de roda da Bahia e o cosmopolita de Noel Rosa. Todas essas manifestações são válidas e, dentro de cada uma, há um material de primeira ordem. Admito tudo, desde recolher folclore até fazer música eletrônica. Só não gosto quando qualquer forma de música é usada para agredir alguém. Autenticidade? Autênticos são o jequitibá e a avenca. Mas não é autêntico o jequitibá ser avenca e vice-versa."

Foi o Ronaldo quem achou essa declaração do grandioso Tom Jobim. Trata-se do trecho de uma entrevista do homem concedida à revista Fatos & Fotos. Edição de final de 1964.

Comentários

Fernando disse…
Uma declaração que se depara com dificuldades. O que dizer, Rodrigo, de "Isso é uma vergonha - Garnett ( ORIGINAL ) [ resposta ao Boris Casoy]", disponível no youtube?

Seria uma agressão? Expor a realidade é uma agressão?

É a primeira dificuldade com que já se depara tal afirmação, emitida por ninguém menos que Tom Jobim.
rodrigo carneiro disse…
Opinião, né? Pra mim, foram bem tanto o rapper quanto o Antônio Carlos.
Fernando disse…
Sim, tanto um quanto o outro mandaram bem. Seria interessante descobrir a quem, especificamente, Jobim se referia. Porque o contexto no qual ele se baseou definiria perfeitamente o uso e a denotação dessa frase.

Enfim, também vejo que é uma opinião. Mas as nossas opiniões são sempre emitidas inseridas num contexto. E o contexto aqui seria de extrema valia.

Valeu!
rodrigo carneiro disse…
Não tive acesso à integra da entrevista, mas em 1963 saíram "Getz/Gilberto", gravado por Tom, Stan Getz e João Gilberto, e "The Composer of Desafinado Plays". "The Wonderful World of Antônio Carlos Jobim" e a participação dele no disco "Bossa Nova York", do Sergio Mendes, são dos idos de 1964. Como foram discos lançados no exterior, alguns títulos pela Warner Bros., teve muito espírito de porco no Brasil acusando o cara de vendido, alienado, desrespeitador da tradição da música nacional, americanizado, etc. Gente que usava o manto da "autenticidade" pra ficar cagando regra. Nego que tinha aversão ao que fora conquistado com a bossa nova anos antes. "No Brasil, sucesso é ofensa pessoal", já diria o mestre. O cenário da entrevista é mais ou menos esse. Vou perguntar ao Ronaldo sobre a quem ele se dirige.

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