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Com a palavra , o iguana

Grace Jones e Iggy Pop, Paris, março de 2009

"Aliás, acho que não deveriam existir gêneros. Cachorros machos cheiram os pintos uns dos outros e tal, e depois pulam nas fêmeas e fazem tudo com tudo. Na verdade os seres humanos também são assim, mas alguns códigos foram elaborados e adotados para eliminar partes do comportamento que não estão de acordo com o gênero ou grupo social que você quer pertencer. E acho que isso afeta dos dois lados, hétero e gay — cada um elimina ou enfatiza certas partes. É mais ou menos como passar spray de cabelo na sua personalidade. Mas não, nunca quis parecer particularmente macho. Primeiro porque percebi que a mulherada não curte muito [risos]. Acho que os ideais de beleza na nossa sociedade são ditados por aqueles que se identificam como femininos, pelo menos em linha de raciocínio. Podem ser gays ou mulheres que pensam de uma maneira particularmente tortuosa, selvagem e amoral, que é como as mulheres pensam quando botam a mão na massa. E é aí que você tem que saber dosar as coisas, então eu quis parecer meio suave, furtivo e muito à frente."

(Iggy Pop, em entrevista a Jon Savage, publicada pela Vice)

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Escovinha ou função, um breve estudo sociológico

'Back in black' (1986), do Whodini; “I’m a ho!” é a quarta faixa do álbum Dia desses, no Facebook, o amigo Neco Gurgel postou uma música do Whodini, a clássica “I’m a ho!”. Nos bailes black de periferia, o refrão da faixa era conhecido e sobretudo cantado como “Desamarrou (e não amarrou)”. Paródias do tipo eram bastante comuns naqueles tempos, final dos anos 1970, começo dos 1980. Na tradução marota da rapaziada, o funk "Oops upside your head", da Gap Band, por exemplo, ficou informalmente eternizada como "Seu cu só sai de ré". Já “DJ innovator”, de Chubb Rock, era “Lagartixa na parede”- inclusive gravada, quase que simultaneamente, por NDee Naldinho, em 1988, como “Melô da lagartixa”. A música do Whodini, lançada em 1986, remete a um fenômeno que tomou as ruas do centro de São Paulo, e periferias vizinhas, antes da cultura hip hop se estabelecer de fato: o escovinha, também chamado de função. Em “Senhor tempo bom”, de 1996, os mestres Thaíde & DJ Hu