Pular para o conteúdo principal

O "maluquinho que escreve letras"

Gustavo Black Alien na capa do Segundo Caderno, d'O Globo. Edição publicada no dia 23 de junho

— Um dia, um cara me interpelou dizendo que tinha ouvido a minha fita. Se apresentou como Speed. Disse que era sinistro, que eu tinha que seguir aquilo, para eu tocar na banda dele. Na real, me deu uma vontade de bater nele. Mas eu disse: “Não, eu não sou artista. Sou só um maluquinho que escreve letra”. Aí ele mandou: “Vai tomar...” Eu não acreditei, e falei: “O quê?”. Ele mandou de novo! Não acreditei. Eu tava com o skate na mão, uma arma branca, né? Aí ele mandou: “Beleza, Tom Jobim é só um maluquinho que toca piano.” Porra, Tom Jobim e eu na mesma frase, já achei maneiro.

Tanto que arremessou o emprego de comissário de bordo na Varig para o alto e duas semanas depois já lançava suas rimas no palco com o grupo Speedfreaks. Dois anos depois, com a morte de Skank, um dos criadores do Planet Hemp, Black Alien assumiu um dos microfones ao lado de Marcelo D2. Desde a estrondosa estreia com “Usuário” (1995), passando pelos hits de “Os cães ladram mas a caravana não para” (1997), como “Queimando tudo”, e até “A invasão do sagaz homem fumaça” (2000), foram muitas parcerias e percalços. Alguns que ele ainda não esquece.

— A gente escrevia junto, mas eu era contratado, não era da banda. Então não devia ter sido preso (o Planet foi detido em 1997 por apologia às drogas). Inclusive vou processar a União. Quero ressarcimento, dinheiro e desculpas — diz. — Eu não escrevia sobre maconha. Nem em “Queimando tudo” me refiro à erva. Esse não é e nunca será o meu jeito de abordar o assunto. E, cá para nós, eu achava meio tosco aquilo. E aí fui mandado embora porque pedi aumento. Não queria ser contratado como um músico normal. Não fui preso, não escrevo, não falo no Jô Soares?


Leiam aqui a íntegra da entrevista concedida pelo Gustavo ao repórter Luiz Felipe Reis.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ah, "Picardias estudantis"

Phoebe Cates: intérprete, entre outras, da inesquecível sequência da piscina Noite dessas, eu revi Picardias estudantis (1982), cujo título original, só pra constar, é Fast times at Ridgemont High . Não assistia ao filme, escrito por Cameron Crowe e dirigido por Amy Heckerling, há muitos anos e tive, claro, ótimos momentos diante da tela. Sobretudo por ter a produção um daqueles, como diria o rei Roberto, meus amores da televisão: a atriz Phoebe Cates. No papel da sensualíssima Linda Barrett, Cates, à beira da piscina, em seu biquíni vermelho, é uma das imagens mais encantadoras já produzidas em toda a história do cinema. Feito aqui o registro, voltemos à nossa programação normal.

Executivo e produtor, Marcos Maynard fala de rock, indústria fonográfica, processos e cores

O empresário Marcos Maynard durante encontro de mídias sociais em São Paulo. Foto: Ricardo Matsukawa/Terra Em 2011, fui sondado por uma revista para ser o redator de uma entrevista já feita por outro jornalista. Havia o registro de uma longa conversa entre o repórter e Marcos Maynard, ex-presidente de grandes gravadoras entre os anos 1980 e 2000 e, atualmente, dono do passe do Restart, do CW7, entre outras. Aceitei a encomenda. Entrei em contato com o colega de ofício, sujeito de quem sempre admirei o trato com as palavras, e combinamos dele me enviar o arquivo por e-mail. Ao chegar na minha caixa de mensagens, o link do dito cujo só apresentava os dois primeiros minutos de diálogo. Novo envio, mesmo erro. Tentamos outro desses serviços estrangeiros de compartilhamento. Nada. Fui à casa do jornalista – início de noite agradável, temos diversos amigos em comum, mas não nos conhecíamos pessoalmente. Ele salvou e me deu o material em pen-drive. Mas, de novo, lá estavam só os mesmos dois...