Pular para o conteúdo principal

Roberto Piva (1937- 2010)



Manhã preguiçosa de domingo. Não sei o que é internet desde o início da tarde de sábado. Me perdi pela cidade, sorvendo música e encantos. Saibo só agora da morte do poeta – às 15h30 de ontem, a essa hora seu corpo já ardeu no crematório. Reverente, vou à estante, saco do livro 20 poemas com brócoli , abro à sorte e o que surge é lido em voz alta:

XX

(Roberto Piva)

vocês estão cegos graças ao temor
olhares mortos sugando-me o sangue
não serei vossa sobremesa nesta curta
temporada no inferno
eu quero que seus rostos cantem
eu quero que seus corações explodam em
línguas de fogo
meu silêncio é um galope de búfalos
meu amor cometa nômade de
riso indomável
façam seus orifícios cantarem o hino
à estrela da manhã
torres & cabanas onde foi flechado o
arco-íris
eu abandonei o passado a esperança
a memória o vazio da década de 70
sou um navio lançado ao
alto-mar das futuras
combinações

Comentários

Anônimo disse…
Gosto muito dos poemas da sua autoria, que de vez em quando vc posta aqui. (Espero inclusive que um dia eles conspirem, se juntem e formem um livro, pra eu tuxá-lo aqui na minha caótica estante).
Sinto neles muita influência desse ser á quem chamavam Roberto Piva. Tenho curiosidade em saber ( nem sei se esse espaço é o mais adequado pra perguntar) o que a poesia dele diz ( e fez!) à voce. Parabéns pelo blog, sou assíduo leitor. Grande abraço.
rodrigo carneiro disse…
Muito obrigado. Os poemas estão conspirando comigo. Estamos trabalhando num livrinho. Já a poesia do Piva é para mim alimento, alento, norte, ... A cada dia ela me revela algo novo. Não consegui me refazer do primeiro impacto que tive com a leitura. Nem tem como. Evoé, Piva! Forte abraço.

Postagens mais visitadas deste blog

Ah, "Picardias estudantis"

Phoebe Cates: intérprete, entre outras, da inesquecível sequência da piscina Noite dessas, eu revi Picardias estudantis (1982), cujo título original, só pra constar, é Fast times at Ridgemont High . Não assistia ao filme, escrito por Cameron Crowe e dirigido por Amy Heckerling, há muitos anos e tive, claro, ótimos momentos diante da tela. Sobretudo por ter a produção um daqueles, como diria o rei Roberto, meus amores da televisão: a atriz Phoebe Cates. No papel da sensualíssima Linda Barrett, Cates, à beira da piscina, em seu biquíni vermelho, é uma das imagens mais encantadoras já produzidas em toda a história do cinema. Feito aqui o registro, voltemos à nossa programação normal.

Executivo e produtor, Marcos Maynard fala de rock, indústria fonográfica, processos e cores

O empresário Marcos Maynard durante encontro de mídias sociais em São Paulo. Foto: Ricardo Matsukawa/Terra Em 2011, fui sondado por uma revista para ser o redator de uma entrevista já feita por outro jornalista. Havia o registro de uma longa conversa entre o repórter e Marcos Maynard, ex-presidente de grandes gravadoras entre os anos 1980 e 2000 e, atualmente, dono do passe do Restart, do CW7, entre outras. Aceitei a encomenda. Entrei em contato com o colega de ofício, sujeito de quem sempre admirei o trato com as palavras, e combinamos dele me enviar o arquivo por e-mail. Ao chegar na minha caixa de mensagens, o link do dito cujo só apresentava os dois primeiros minutos de diálogo. Novo envio, mesmo erro. Tentamos outro desses serviços estrangeiros de compartilhamento. Nada. Fui à casa do jornalista – início de noite agradável, temos diversos amigos em comum, mas não nos conhecíamos pessoalmente. Ele salvou e me deu o material em pen-drive. Mas, de novo, lá estavam só os mesmos dois...