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Ratos de Porão e Questions na madrugada

Jão, Gordo, Boka e Juninho: RDP em plena forma

Desde a primeira exibição de Guidable – A Verdadeira história do Ratos de Porão em maio, eu estava com uma vontade imensa de assistir à banda de novo. No decorrer das últimas duas (três?) décadas, vi o RDP em lugares, configurações e estados de consciência dos mais variados, mas fazia tempo que não presenciava o quarteto ao vivo. O fiz na madrugada do último domingo, 20, no Outs. E ali pude constatar o óbvio: ainda que estejamos todos mais, por assim dizer, tranquilos neste final de 2009, a brutalidade continua a definir as aparições dos ratos. Ao esporro sonoro praticado por eles, acrescente pitadas certeiras de auto-ironia, que só quem tem no currículo o que eles têm pode se dar ao luxo de mostrar em público. Encapuzado, o mítico Jão entrou em cena com o que me pareceu uma espécie de uniforme de Morte, só que branco; João Gordo, em dado momento, meteu no alto da cabeça um capacete de motociclista ao contrário e citou a versão criada nos bailes de periferia dos anos 1980 para o funk "Oops Upside Your Head", da Gap Band, que na tradução marota da rapaziada ficou "Seu cu só sai de ré". Enquanto isso, Boka desceu o braço na bateria e Juninho fez das suas no contrabaixo. Em suma, uma performance arrasadora com repertório que visitou boa parte da discografia dos caras. "Testemunhas do apocalipse", "Sofrer" , "Aids, Pop, Repressão", "Beber Até Morrer", "Velhus Decréptus", "Crucificados pelo Sistema", só para os senhores terem uma ideia do estrago. Ao final, Gordo disse que tratava-se do último show com aquele tipo de set list. De acordo com ele, em 2010 os shows serão só com lados B e canções que eles não tocam normalmente. Portanto, vem mais destruição para o ano.

Integrantes do Questions: disco novo e turnê europeia

A madrugada também teve o Questions promovendo a balbúrdia com o RDP. Já falei deles aqui. São amigos de longa data, acabam de lançar disco novo, uma paulada chamada Rise Up, e retornaram há pouco de mais uma turnê pela Europa, onde conquistaram ainda mais respeito dos marmanjos e, me informam fontes fidedignas, o coração das gatinhas hardcore.

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'Back in black' (1986), do Whodini; “I’m a ho!” é a quarta faixa do álbum Dia desses, no Facebook, o amigo Neco Gurgel postou uma música do Whodini, a clássica “I’m a ho!”. Nos bailes black de periferia, o refrão da faixa era conhecido e sobretudo cantado como “Desamarrou (e não amarrou)”. Paródias do tipo eram bastante comuns naqueles tempos, final dos anos 1970, começo dos 1980. Na tradução marota da rapaziada, o funk "Oops upside your head", da Gap Band, por exemplo, ficou informalmente eternizada como "Seu cu só sai de ré". Já “DJ innovator”, de Chubb Rock, era “Lagartixa na parede”- inclusive gravada, quase que simultaneamente, por NDee Naldinho, em 1988, como “Melô da lagartixa”. A música do Whodini, lançada em 1986, remete a um fenômeno que tomou as ruas do centro de São Paulo, e periferias vizinhas, antes da cultura hip hop se estabelecer de fato: o escovinha, também chamado de função. Em “Senhor tempo bom”, de 1996, os mestres Thaíde & DJ Hu