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De novo



O canal Telecine Cult exibia "Annie Hall" (no Brasil, "Noivo neurótico, noiva nervosa"), 1977, no início desta madrugada. Acidentalmente, dei de cara com os primeiros minutos de fita e, claro, assisti pela enésima vez. É fascinante o poderio de uma obra de arte. Ao término da exibição, comovido, de novo, com uma série de aspectos da produção, com a utilização extremamente poética dos recursos da linguagem do cinema, fui ao exemplar de "Conversas com Woody Allen", de Eric Lax, para saber o que o diretor tinha a dizer a respeito daquilo tudo. E a alta madrugada corria. "No começo, era para "Noivo neurótico, noiva nervosa" ser uma coisa que acontecia na minha cabeça, e a história de amor com a Annie era uma parte grande, mas era só uma parte grande. Havia um milhão de outras digressões e outras cenas, outras ideias, e eu estava constantemente fazendo flashes da minha cabeça, dos meus pensamentos. Então concluímos que a história era tão forte que ninguém se interessaria por mais nada. Todos queriam voltar para as partes sobre "você e Annie", então deixei crescer assim. Certas partes vieram da vida real, mas eu não queria que isso fosse supervalorizado. A maior parte foi inventada, muito inventada. Nosso afeto, de um pelo outro, era genuíno, mas era uma história inventada. Não só os detalhes. Não foi daquele jeito que nos conhecemos. Não nos separamos daquele jeito. Nossa relação não era daquele jeito. Talvez um trechinho aqui e ali fosse recostado de um momento real, mas quase nada. Retalhos da vida do [roteirista] Marshall Brickman e coisas inventadas, baseadas nas lembranças dele, acabavam com a ideia de que era a minha vida real, ou o meu caso com a Keaton".

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'Back in black' (1986), do Whodini; “I’m a ho!” é a quarta faixa do álbum Dia desses, no Facebook, o amigo Neco Gurgel postou uma música do Whodini, a clássica “I’m a ho!”. Nos bailes black de periferia, o refrão da faixa era conhecido e sobretudo cantado como “Desamarrou (e não amarrou)”. Paródias do tipo eram bastante comuns naqueles tempos, final dos anos 1970, começo dos 1980. Na tradução marota da rapaziada, o funk "Oops upside your head", da Gap Band, por exemplo, ficou informalmente eternizada como "Seu cu só sai de ré". Já “DJ innovator”, de Chubb Rock, era “Lagartixa na parede”- inclusive gravada, quase que simultaneamente, por NDee Naldinho, em 1988, como “Melô da lagartixa”. A música do Whodini, lançada em 1986, remete a um fenômeno que tomou as ruas do centro de São Paulo, e periferias vizinhas, antes da cultura hip hop se estabelecer de fato: o escovinha, também chamado de função. Em “Senhor tempo bom”, de 1996, os mestres Thaíde & DJ Hu