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De novo



O canal Telecine Cult exibia "Annie Hall" (no Brasil, "Noivo neurótico, noiva nervosa"), 1977, no início desta madrugada. Acidentalmente, dei de cara com os primeiros minutos de fita e, claro, assisti pela enésima vez. É fascinante o poderio de uma obra de arte. Ao término da exibição, comovido, de novo, com uma série de aspectos da produção, com a utilização extremamente poética dos recursos da linguagem do cinema, fui ao exemplar de "Conversas com Woody Allen", de Eric Lax, para saber o que o diretor tinha a dizer a respeito daquilo tudo. E a alta madrugada corria. "No começo, era para "Noivo neurótico, noiva nervosa" ser uma coisa que acontecia na minha cabeça, e a história de amor com a Annie era uma parte grande, mas era só uma parte grande. Havia um milhão de outras digressões e outras cenas, outras ideias, e eu estava constantemente fazendo flashes da minha cabeça, dos meus pensamentos. Então concluímos que a história era tão forte que ninguém se interessaria por mais nada. Todos queriam voltar para as partes sobre "você e Annie", então deixei crescer assim. Certas partes vieram da vida real, mas eu não queria que isso fosse supervalorizado. A maior parte foi inventada, muito inventada. Nosso afeto, de um pelo outro, era genuíno, mas era uma história inventada. Não só os detalhes. Não foi daquele jeito que nos conhecemos. Não nos separamos daquele jeito. Nossa relação não era daquele jeito. Talvez um trechinho aqui e ali fosse recostado de um momento real, mas quase nada. Retalhos da vida do [roteirista] Marshall Brickman e coisas inventadas, baseadas nas lembranças dele, acabavam com a ideia de que era a minha vida real, ou o meu caso com a Keaton".

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