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E-mails bancários e o baile de máscaras


Há uns dias, eu recebi um e-mail. "Um show exclusivo e feito para vc, já imaginou?" era o assunto. Vinha do banco do qual sou correntista - ou acorrentado – e me dizia assim: "A música faz parte da sua evolução. Ela sempre esteve como trilha sonora de todas as suas conquistas. Agora, para embalar suas futuras realizações, o [não vou citar o nome da instituição bancária] oferece a oportunidade de escolher o show que você quer ver em um festival exclusivo ao vivo na internet". A mensagem dava mais detalhes da votação. Eu teria que decidir "entre duas bandas que são sucesso no cenário do rock nacional" e, feito isso, conferir o espetáculo - as opções, evidentemente, não me motivaram a participar. Hoje, me informa o banco, saiu o resultado. Sim, o baile financeiro de máscaras, tendo a música - entre outras modalidades artísticas - como mero acessório, segue glorioso e horrendo. Operando tanto às claras quanto às sombras. Meus parabéns aos envolvidos.

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'Back in black' (1986), do Whodini; “I’m a ho!” é a quarta faixa do álbum Dia desses, no Facebook, o amigo Neco Gurgel postou uma música do Whodini, a clássica “I’m a ho!”. Nos bailes black de periferia, o refrão da faixa era conhecido e sobretudo cantado como “Desamarrou (e não amarrou)”. Paródias do tipo eram bastante comuns naqueles tempos, final dos anos 1970, começo dos 1980. Na tradução marota da rapaziada, o funk "Oops upside your head", da Gap Band, por exemplo, ficou informalmente eternizada como "Seu cu só sai de ré". Já “DJ innovator”, de Chubb Rock, era “Lagartixa na parede”- inclusive gravada, quase que simultaneamente, por NDee Naldinho, em 1988, como “Melô da lagartixa”. A música do Whodini, lançada em 1986, remete a um fenômeno que tomou as ruas do centro de São Paulo, e periferias vizinhas, antes da cultura hip hop se estabelecer de fato: o escovinha, também chamado de função. Em “Senhor tempo bom”, de 1996, os mestres Thaíde & DJ Hu