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João Gilberto, 82 anos

João Gilberto, que comemora 82 anos nesta segunda-feira, 10

Já assisti a muito show nessa vida. E alguns dos mais incríveis foram os do João Gilberto – testemunhei em cinco oportunidades. Eu ainda era um jovem punk quando o vi pela primeira vez, circa 1987. E desde molequinho, coisa mais curiosa, tenho-o no mais imenso apreço. Tanto que o vinil que meus pais tinham dele foi por mim furtado – putz, confessei. Lembro que no início dos anos 1990, quando os Mickey Junkies começaram a chamar a atenção da imprensa, eu adorava dizer em entrevistas que João Gilberto era o máximo, e que não estranharia nada se ele surgisse vestido como eu e meus amigos: de jaqueta de couro e camiseta listrada. Bom, toda a felicidade do mundo ao aniversariante do dia. Abusando do clichê, João é gênio. Ah, sim, a acústica do Credicard Hall naquele outubro de 1999 era horrenda – eu estava lá. Na foto, o artista mostra a língua para a plateia durante a inauguração da casa de espetáculos paulistana. Diante de suas oportunas reclamações, trogloditas da alta roda começaram a vaiar. "Tem que mudar esse som. Para o bem de todos e felicidade geral da nação", dizia ele. "Não tem média, não. Não sou político pra fazer média. O coquetel estava muito bem, mas o som, não. Vocês gostam desse Brasil assim? Seleção... Essa vaia pode ser bebida. Vaia de bêbado não vale, vaia de bêbado não vale."

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'Back in black' (1986), do Whodini; “I’m a ho!” é a quarta faixa do álbum Dia desses, no Facebook, o amigo Neco Gurgel postou uma música do Whodini, a clássica “I’m a ho!”. Nos bailes black de periferia, o refrão da faixa era conhecido e sobretudo cantado como “Desamarrou (e não amarrou)”. Paródias do tipo eram bastante comuns naqueles tempos, final dos anos 1970, começo dos 1980. Na tradução marota da rapaziada, o funk "Oops upside your head", da Gap Band, por exemplo, ficou informalmente eternizada como "Seu cu só sai de ré". Já “DJ innovator”, de Chubb Rock, era “Lagartixa na parede”- inclusive gravada, quase que simultaneamente, por NDee Naldinho, em 1988, como “Melô da lagartixa”. A música do Whodini, lançada em 1986, remete a um fenômeno que tomou as ruas do centro de São Paulo, e periferias vizinhas, antes da cultura hip hop se estabelecer de fato: o escovinha, também chamado de função. Em “Senhor tempo bom”, de 1996, os mestres Thaíde & DJ Hu