Esses últimos dias não foram nada engraçados. Amigos foram assaltados com facas nas costas; um outro, refém, com arma na cabeça. Policiais nervosos desfilavam com metralhadoras em meio aos carros e motoristas apavorados enquanto os mortos d as madrugadas viravam manchetes.
Esses últimos dias, ainda mais se somados aos últimos meses -e anos-, foram tristes. Mas não são apenas as ruas. Não é só culpa do tráfico ou das periferias. As nossas relações interpessoais estão mais violentas e mais mesquinhas do que nunca. Percebo, sobre a minha área de trabalho, na competição avacalhada, a ânsia em se dar bem a qualquer custo. Sinto o mesmo na conta do restaurante, em discussões nas mídias sociais, na guerra do trânsito.
São Paulo está doente. E essa doença se espalha velozmente, como uma bala perdida, sem destino certo.
Ano passado, viajando pela capital do Camboja, notei que, apesar das ruas não terem semáforos -mesmo em cruzamentos largos e complicados- não havia acidentes. Perguntei a um Cambojano como eles faziam. "Simples" explicou ele, "primeiro vai você, depois vou eu".
Simples.
(Luigi Dias)
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Eu percebo a mesma coisa na cidade. Às vezes me oprime. Eu trabalho em uma cadeia de restaurantes em sao paulo no centro. Mas a cidade também tem seus pontos positivos. Eu gosto de viver aqui, embora haja dias difíceis.