Hal Chase, Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Buroughs: anos 1950
O que diz da influência de Ginsberg e Burroughs? Você alguma vez teve noção do marco que os três foram na literatura americana?
Kerouac: Eu estava decidido a ser um "grande escritor", entre aspas, como Thomas Wolfe, sabe...Allen vivia lendo e fazendo poesia. ..Burroughs lia muito, e andava por aí olhando as coisas...Já escreveram, muitas e muitas vezes, sobre a influência que exercemos uns sobre os outros...Nós éramos apenas três personagens curiosos, na grande e curiosa cidade de Nova York, circulando pelas universidades, bibliotecas e cafés. Você vai encontrar um monte de detalhes em Vanity... em On the road, onde Burroughs é Bull Lee e Ginsberg é Carlo Marx.
O que foi que reuniu vocês todos nos anos 50? O que havia para unir o pessoal da "geração beat"?
Kerouac: Bem, geração beat foi só um nome que usei no original de On the road para descrever caras como Moriarty, que percorriam o país de carro, atrás de serviços avulsos, garotas e farras. Mais tarde foi aproveitado por grupos esquerdistas da costa oeste, e ganhou um sentido de "rebelião beat" e "insurreição beat" e outras bobagens. Eles só queriam se agarrar a um movimento qualquer da juventude, para atingir seus objetivos políticos e sociais. Eu não tive nada a ver com isso. Eu era um jogador de futebol, estudante bolsista da universidade, marinheiro da frota mercante, guarda-freios de trens de carga, preparador de sinopses, secretário... e Moriarty-Cassady era um cowboy de verdade no rancho de Dave Uhl, em New Raymer, Colorado...Que tipo de beatnik é este?
Havia alguma noção de "comunidade" no meio da turma beat?
Kerouac: A sensação de comunidade foi largamente inspirada pelas mesmas pessoas que já mencionei, como Ferlinghetti e Ginsberg. Eles vivem com a cabeça cheia de socialismo e querem que todo mundo viva em uma espécie de kibbutz frenético, com companheirismo e tudo mais. Eu era um solitário. Snyder não é igual a Whalen, Whalen não é igual a McClure, eu não sou igual a McClure. McClure não é igual a Ferlinghetti, Ginsberg não é igual a Ferlinghetti, mas todos nós gostávamos de tomar vinho, de qualquer maneira. Conhecíamos milhares de poetas e pintores e músicos de jazz. Não havia uma "turma beat", como você falou... O que me diz de Scott Fitzgerald e sua "turma perdida", ou de Goethe e da "turma de Wilhelm Meister"? O assunto é muito chato. Me passa aquele copo.
Bem, e porque eles se afastaram, no começo dos anos 60
Kerouac: Ginsberg começou a se interessar por política, pela esquerda... como Joyce, eu disse a mesma coisa que Joyce disse a Ezra Pound nos anos 20: "Não me amole com a política, a única coisa que me interessa é estilo".
Trechos da entrevista feita com Jack Kerouac pelo jornalista Ted Berrigan e publicada na revista The Paris Review em 1967.
Surrupiado daqui.
O que diz da influência de Ginsberg e Burroughs? Você alguma vez teve noção do marco que os três foram na literatura americana?
Kerouac: Eu estava decidido a ser um "grande escritor", entre aspas, como Thomas Wolfe, sabe...Allen vivia lendo e fazendo poesia. ..Burroughs lia muito, e andava por aí olhando as coisas...Já escreveram, muitas e muitas vezes, sobre a influência que exercemos uns sobre os outros...Nós éramos apenas três personagens curiosos, na grande e curiosa cidade de Nova York, circulando pelas universidades, bibliotecas e cafés. Você vai encontrar um monte de detalhes em Vanity... em On the road, onde Burroughs é Bull Lee e Ginsberg é Carlo Marx.
O que foi que reuniu vocês todos nos anos 50? O que havia para unir o pessoal da "geração beat"?
Kerouac: Bem, geração beat foi só um nome que usei no original de On the road para descrever caras como Moriarty, que percorriam o país de carro, atrás de serviços avulsos, garotas e farras. Mais tarde foi aproveitado por grupos esquerdistas da costa oeste, e ganhou um sentido de "rebelião beat" e "insurreição beat" e outras bobagens. Eles só queriam se agarrar a um movimento qualquer da juventude, para atingir seus objetivos políticos e sociais. Eu não tive nada a ver com isso. Eu era um jogador de futebol, estudante bolsista da universidade, marinheiro da frota mercante, guarda-freios de trens de carga, preparador de sinopses, secretário... e Moriarty-Cassady era um cowboy de verdade no rancho de Dave Uhl, em New Raymer, Colorado...Que tipo de beatnik é este?
Havia alguma noção de "comunidade" no meio da turma beat?
Kerouac: A sensação de comunidade foi largamente inspirada pelas mesmas pessoas que já mencionei, como Ferlinghetti e Ginsberg. Eles vivem com a cabeça cheia de socialismo e querem que todo mundo viva em uma espécie de kibbutz frenético, com companheirismo e tudo mais. Eu era um solitário. Snyder não é igual a Whalen, Whalen não é igual a McClure, eu não sou igual a McClure. McClure não é igual a Ferlinghetti, Ginsberg não é igual a Ferlinghetti, mas todos nós gostávamos de tomar vinho, de qualquer maneira. Conhecíamos milhares de poetas e pintores e músicos de jazz. Não havia uma "turma beat", como você falou... O que me diz de Scott Fitzgerald e sua "turma perdida", ou de Goethe e da "turma de Wilhelm Meister"? O assunto é muito chato. Me passa aquele copo.
Bem, e porque eles se afastaram, no começo dos anos 60
Kerouac: Ginsberg começou a se interessar por política, pela esquerda... como Joyce, eu disse a mesma coisa que Joyce disse a Ezra Pound nos anos 20: "Não me amole com a política, a única coisa que me interessa é estilo".
Trechos da entrevista feita com Jack Kerouac pelo jornalista Ted Berrigan e publicada na revista The Paris Review em 1967.
Surrupiado daqui.
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