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Feliz ano novo


Seria uma afronta desejar Feliz Ano Novo? Creio que não. Assim sendo, felicidades múltiplas, senhoras e senhores. Saúde, dinheiro, amor, o pacote inteiro de realizações. Sabe-se que nada vai mudar com o badalar da meia-noite, mas a simbologia sempre cai bem. Nossas lacunas arquetípicas são, ao menos durante a queima de fogos, preenchidas. E, a exemplo do que tenho afirmado por aí, com a maturidade, eu fui tomado de um enorme otimismo – resultado, é claro, de uma constante negociação interna. Otimismo de fachada? Quase isso. No entanto, ele está em pauta, na ordem do dia, sendo trabalhado com assiduidade (Pollyana, minha nova amiga invisível, um beijo, viu). E outra: “dois mil e 'dezessexy'” me parece algo mais simpático do que “dois mil e desespero”. Sigo na torcida, até para desafinar o coro dos analistas econômicos, por melhorias – que encontremos as agulhas no palheiro para que elas aconteçam de fato. E sobre a imagem que ilustra o post, um esclarecimento: continuo abstêmio. Ela foi registrada no início da semana, após o misto de ensaio e confraternização dos Mickey Junkies – a despeito da baixeza astral, 2016 foi um ano incrível para o nosso grupo de roque pauleira romântico. O guitarrista Erico Birds, um homem requintado, nos levou a uma de suas hamburguerias prediletas. O estabelecimento é notório também pela ampla carta de cervejas artesanais. Birds nos deu uma aula acerca do processo de maltagem - algo, aprendi, determinante para a qualidade e a personalidade de uma cerveja - e pediu algumas garrafas. Empolgado, sugeriu que eu experimentasse um dos sabores ali contidos. Saquei o aroma, umedeci o lábio superior e, do alto do meu paladar infantil, avaliei: “É bem amarga, né?”. A mesa veio abaixo. Ele fez o retrato e ficamos todos rindo do meu parecer crítico. A cevada não me seduziu. Os objetos da minha paixão naquela noite foram o black burger e o refrigerante orgânico. Posto isso, o conteúdo do copo não condiz com a realidade, mas o brinde é pura sinceridade. Até o ano, amigos. Sejamos fortes. A temporada pede.

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