Pular para o conteúdo principal

"Negros estão longe desse afrobeat", diz Letieres Leite

O maestro Letieres Leite, em Salvador, na Bahia

"Negros longe do afrobeat é um fato, isso merece uma boa discussão, um entendimento. Acontece no Rio e em São Paulo, aqui em Salvador menos. O pessoal que produz o afrobeat de Salvador está na periferia, vem do final da década de 70, num bairro da Liberdade, em Salvador, onde tiveram alguns músicos. É ao contrário de São Paulo onde só a classe média teve acesso à música afro, porque as informações estão circulando dentro desse ambiente virtual, então as pessoas privilegiadas no acesso à internet conhecem primeiro", diz o maestro Letieres Leite, um dos gigantes da música afrobrasileira, em entrevista concedida a Guilherme Xavier Ribeiro, do Portal MTV. Sugiro a leitura.

Enquanto eu lia os dizeres do maestro, lembrei de um parágrafo batucado por mim: ‎"Sim, houve um longo processo para que os modernos, ligados ao indie rock e fãs dos norte-americanos do Vampire Weekend, por exemplo, pudessem declarar seu amor à África e aos ritmos que por lá fervilham sem serem ridicularizados – isso já aconteceu, acreditem."

Trata-se de um trecho do artigo 'A (re) descoberta da África: música do continente africano mobiliza novos ouvintes', publicado no início do ano passado pelo Opera Mundi. Ei-lo aqui, no replay.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Escovinha ou função, um breve estudo sociológico

'Back in black' (1986), do Whodini; “I’m a ho!” é a quarta faixa do álbum Dia desses, no Facebook, o amigo Neco Gurgel postou uma música do Whodini, a clássica “I’m a ho!”. Nos bailes black de periferia, o refrão da faixa era conhecido e sobretudo cantado como “Desamarrou (e não amarrou)”. Paródias do tipo eram bastante comuns naqueles tempos, final dos anos 1970, começo dos 1980. Na tradução marota da rapaziada, o funk "Oops upside your head", da Gap Band, por exemplo, ficou informalmente eternizada como "Seu cu só sai de ré". Já “DJ innovator”, de Chubb Rock, era “Lagartixa na parede”- inclusive gravada, quase que simultaneamente, por NDee Naldinho, em 1988, como “Melô da lagartixa”. A música do Whodini, lançada em 1986, remete a um fenômeno que tomou as ruas do centro de São Paulo, e periferias vizinhas, antes da cultura hip hop se estabelecer de fato: o escovinha, também chamado de função. Em “Senhor tempo bom”, de 1996, os mestres Thaíde & DJ Hu