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Dercy Gonçalves: legenda da foto


Meados da década de 1990. Na cozinha da casa, a humorista Dercy Gonçalves narrava uma existência tragicômica, algo do que se pode assistir hoje na minissérie televisiva Dercy de Verdade – leio que vai virar um longa-metragem em breve. Falamos por horas: Santa Maria Madalena, circo, tuberculose, fracasso no ramo da prostituição, sucesso no teatro de revista, chanchadas, problemas com a censura, televisão, shows solo, palavrões, seios à mostra num recente desfile de escola de samba, o próprio túmulo projetado por ela. Anotei tudo em prol do texto que batucaria mais tarde . Entre baforadas no cachimbo, Ranulfo Pereira da Costa, o indescritível Ralf, meu chefe, saudoso como a personagem, também interagia. Recém-chegado das férias de verão, digamos, doces e sessentistas, em Búzios (RJ), eu acabara de dar adeus aos longos dreadlocks que cultivara na cabeça de vento por anos, mas essa informação capilar, sei bem, não tem nada a ver com a entrevista.

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Escovinha ou função, um breve estudo sociológico

'Back in black' (1986), do Whodini; “I’m a ho!” é a quarta faixa do álbum Dia desses, no Facebook, o amigo Neco Gurgel postou uma música do Whodini, a clássica “I’m a ho!”. Nos bailes black de periferia, o refrão da faixa era conhecido e sobretudo cantado como “Desamarrou (e não amarrou)”. Paródias do tipo eram bastante comuns naqueles tempos, final dos anos 1970, começo dos 1980. Na tradução marota da rapaziada, o funk "Oops upside your head", da Gap Band, por exemplo, ficou informalmente eternizada como "Seu cu só sai de ré". Já “DJ innovator”, de Chubb Rock, era “Lagartixa na parede”- inclusive gravada, quase que simultaneamente, por NDee Naldinho, em 1988, como “Melô da lagartixa”. A música do Whodini, lançada em 1986, remete a um fenômeno que tomou as ruas do centro de São Paulo, e periferias vizinhas, antes da cultura hip hop se estabelecer de fato: o escovinha, também chamado de função. Em “Senhor tempo bom”, de 1996, os mestres Thaíde & DJ Hu