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Discos que chegam pelo correio, ainda

Desde moleque, quando eu me correspondia com a rapaziada punk/hardcore de outros países e trocávamos fitas cassete e discos de nossos patrícios, adoro a chegada de música pelo correio. Sou um ser do século passado. Ainda me comovo, e muito, com esse tipo de coisa. O incansável carteiro Osmar deixou algumas bolachinhas para mim nas últimas semanas. Logo abaixo, destaque para três produzidas por amigos queridos.


A primeira é Você nem imagina (Brsounds), do Fellini, que me foi enviada pelo grande Ricardo Salvagni, baixista, também ex-baterista e tecladista, da banda paulistana. O Fellini é uma das prediletas. Já escrevi sobre eles na Folha de S.Paulo, na Trama.com e, quando da minha gestão como editor-chefe do Showlivre.com, encomendei matérias ao Thunderbird e ao Clemente. É uma admiração que chega ao ponto d’eu integrar um encantado tributo aos figuras chamado Isto não é exatamente uma reverência. Tributo este onde eu e meu chapa Paulo Beto, o Anvil FX, cometemos uma versão de "Alguma coisa vai dar". Uma antiga lenda do povo druida conta que o disco está prestes a sair. Ao modo de São Tomé, aquele da Bíblia, só acreditarei mesmo quando o Osmar tocar a campainha com o registro nas mãos. Mas voltando ao Você nem imagina, o que se tem ali são também versões. Acompanhados do baterista Clayton Martin, Cadão Volpato (voz), Thomas Pappon (guitarra e backing vocals), Salvagni e Jair Marcos (guitarra e backing vocals) revisitam peças importantes do repertório felliniano com um entusiasmo tipicamente roqueiro. Roqueiros que sempre foram, é bem verdade. “Salvou-nos o senso de humor. E acho que a música brasileira também, o que é uma ironia. Fomos buscar nossa razão de viver no passado, na MPB que nascera da bossa nova e nas grandes letras que aí foram perpetuadas. Fomos beber na mesma fonte dos tropicalistas. E bebemos um pouco dos Mutantes também. E fizemos um casamento feliz com os Stranglers”, diz o Cadão no encarte. Foda o texto.


Outro agrado entregue pelo Osmar foi Conveniências na cidade (Voiceprint), terceiro disco do Continental Combo. O responsável pela postagem é mestre Sandro Garcia, que responde pelos vocais, guitarras de seis e 12 cordas e violão. Conheço o Sandro há milênios – ele foi do Faces e Fases, do The Charts e do Momento 68. É um compositor refinadíssimo, profundo conhecedor do que de melhor foi feito na música pop dos anos 1960 e 1970. Além dele, o combo conta ainda com Carlos Nishimiya (vocal, guitarra violão e craviola), Carlos Rodrigues (contra-baixo) e Rogério Meni (bateria e percussão). São ótimas canções, melodiosas ao extremo, assinadas coletivamente pelo quarteto. Neste sábado, 21, tem show de lançamento do álbum no estúdio do Sandro, o já tradicional Quadrophenia (R. Clélia, 1469, São Paulo), às 20h.


O terceiro a me embalar é Memórias luso/africanas (Independente), do
Gui Amabis. Eu sabia das gravações dessa que é a estreia , digamos, fonográfica do Gui e intuía que o multiintrumentista fosse se dar muito bem. Não deu outra. Ele, que é autor de trilhas sonoras para o cinema e televisão, domina o leme das faixas na gentileza. Tulipa Ruiz, Lucas Santtana, Criolo, Céu, Curumin, Thiago França são alguns dos convidados/tripulantes. Estou a ouvir as memórias do Gui agora. Tudo muito lindo. Navegar é preciso. Saravá.

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