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A V Mostra Cemitério de Automóveis

Paulo de Tharso, Lourenço Mutarelli e Mário Bortolotto em cena de "Música para ninar Dinossauros"

Hoje tem início mais uma Mostra Cemitério de Automóveis no Centro Cultural São Paulo. É a quinta edição, senhoras e senhores. Nem vou falar do significado disso se considerarmos a gravidade do incidente ocorrido com Marião Bortolotto e Carlos Carah no ano passado, e o pronto restabelecimento dos caras. Só vou recomendar e dizer que, a exemplo de outros anos, estarei na plateia, curtindo. Eis o que o Marião diz lá no Atire no Dramaturgo.

A primeira foi em 2.000. Eu lembro que a gente tinha conseguido uma pauta no Porão do Centro Cultural e a Chris (que na época era produtora do Grupo) e eu tivermos a idéia de fazer uma pequena Mostra de peças em vez de fazer uma peça só. E a gente propôs isso pro Centro Cultural. Disse pro Millaré (diretor do Setor de Teatro) que gostaria de fazer logo cinco peças em vez de uma e perguntei se era possível. Ele me respondeu: "Mário, você tem o porão do Centro Cultural durante esse período. Você faz quantas peças você quiser". Então eu disse pra ele: "Ah, é assim? Então vou fazer 14". E aí a Chris (Vianna) teve problemas (ela morava em Londrina) e teve que se desligar da produção. A Fernanda (D´Umbra) assumiu e o resto é história. A gente fez as 14 peças e foi um puta sucesso. A gente trabalhou com cerca de 50 atores e eu ganhei o prêmio APCA pelo "Conjunto da Obra". Aí a gente pegou gosto pela coisa. Em 2.002 fizemos a II Mostra com 26 peças e 79 atores. Acho que ninguém nunca fez algo parecido. E o Centro Cultural tava sempre lotado e era uma puta festa. Ainda fizemos mais duas (2.005 e 2.007). Não acreditava que ainda iria fazer outra. É um trabalho insano. Mas aí a Dani (Dezan) me disse que havia conseguido uma pauta pra fazer uma nova Mostra esse ano e eu não tinha como arregar. Ela se uniu à Wanessa (Rudmer) e as duas resolveram produzir mais essa Mostra maluca (dessa vez tô humildezinho - são só 10 peças). E a gente estréia hoje com a última peça do Grupo: "Música para ninar dinossauros". Logo essa peça que me é tão cara por ser a primeira que escrevi depois do "incidente" que aconteceu comigo no final do ano passado. A história de três amigos de meia idade que não conseguem estabelecer relações normais com as mulheres e por isso convivem apenas com garotas de programa. A peça flagra os três em duas fases de suas vidas (a atual e 20 anos antes). É na verdade uma comédia extremamente melancólica. É de uma solidão devastadora se você tiver saco pra ver o que está sendo dito nas entrelinhas do texto e no silêncio dos atores. Não é nada fácil. Mas não tenho conseguido fazer nada muito fácil nos últimos dez anos. Então não há motivo pra estranhar. Hoje estaremos lá (a estréia já é aberta ao público), eu e mais esses outros onze atores em cena falando esse texto. Não gostaria de estar em nenhum outro lugar.

Hoje (Sexta-Feira)

Música para ninar Dinossauros

Texto, Direção e Sonoplastia : Mário Bortolotto

com Paulo de Tharso, Lourenço Mutarelli, Mário Bortolotto, Flávia Tápias, Daniela Dezan, Wanessa Rudmer, Francisco Eldo Mendes, Carlos Carah, Marcelo Selingardi, Paula Flaiban, Carolina Manica e Fernanda Sanches.

Iluminação e Operação Técnica : Rodrigo Cordeiro (Linguinha)

Sexta e Sábado : 21h

Domingo : 20h

Ingressos : R$ 10

Sala Jardel Filho (Rua Vergueiro, 1.000)

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