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"27 de julho

O Brasil, com sua fina armadura moderna colada sobre esse imenso continente fervilhante de forças naturais e primitivas, me faz pensar num edifício corroído cada vez mais de baixo para cima por traças invisíveis. Um dia o edifício desabará, e todo um pequeno povo agitado, negro, vermelho e amarelo espalhar-se-á pela superfície do continente, mascarado e munido de lanças, para a dança da vitória."

"Depois do jantar, Kaïmi [Dorival Caymmi], um negro que compõe e escreve todos os sambas que o país canta, vem cantar com seu violão. São as canções mais tristes e mais comoventes. O mar e o amor, a saudade da Bahia. Pouco a pouco, todos cantam e vê-se um negro, um deputado, um professor da Faculdade e um tabelião cantarem esses sambas em coro, com uma graça muito natural. Totalmente seduzido."

Trechos extraídos de "Diário de viagem" (1978), livro de impressões anotadas pelo escritor Albert Camus em visitas aos EUA, em 1946, e à America do Sul, sobretudo o Brasil, entre junho e agosto de 1949.

A ilustração é de John Spooner.

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