Pular para o conteúdo principal

Choque e equação


Lembro de ter ficado extremamente chocado com a audição de “Grave new world”, disco lançado pelo Discharge em 1986. A princípio, eu era um moleque punk/hardcore ortodoxo e tinha a referência dos primeiros anos da banda inglesa. Pra minha surpresa, o álbum que acabara de chegar às minhas mãos era... heavy metal. E havia toda aquela idiotice de tensões entre as chamadas tribos urbanas. Os anos 1980 foram bem complicados nesse sentido. Nas ruas, a patrulha “ideológica”/auditiva era a regra. Ainda que eu apreciasse, às escondidas, grupos pós-punk e dark – que era como se denominavam de modo atrapalhado as produções “góticas”, cold wave e afins -, só fui entender de fato a estética headbanger um pouco mais tarde. E olha que o Kiss, responsável pela minha iniciação ao universo rock’n’roll quando criança, sempre foi uma das bandas de cabeceira. Equações oitentistas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Escovinha ou função, um breve estudo sociológico

'Back in black' (1986), do Whodini; “I’m a ho!” é a quarta faixa do álbum Dia desses, no Facebook, o amigo Neco Gurgel postou uma música do Whodini, a clássica “I’m a ho!”. Nos bailes black de periferia, o refrão da faixa era conhecido e sobretudo cantado como “Desamarrou (e não amarrou)”. Paródias do tipo eram bastante comuns naqueles tempos, final dos anos 1970, começo dos 1980. Na tradução marota da rapaziada, o funk "Oops upside your head", da Gap Band, por exemplo, ficou informalmente eternizada como "Seu cu só sai de ré". Já “DJ innovator”, de Chubb Rock, era “Lagartixa na parede”- inclusive gravada, quase que simultaneamente, por NDee Naldinho, em 1988, como “Melô da lagartixa”. A música do Whodini, lançada em 1986, remete a um fenômeno que tomou as ruas do centro de São Paulo, e periferias vizinhas, antes da cultura hip hop se estabelecer de fato: o escovinha, também chamado de função. Em “Senhor tempo bom”, de 1996, os mestres Thaíde & DJ Hu