Bairro de Higienópolis, aprazível tarde de sábado paulistana. Jovem casal deixa um prédio de apartamentos. Desce os degraus da pequena escada que leva à portaria, numa movimentação visível para quem passa pela homônima avenida em frente. Por baixo do paletó, o rapaz veste uma camiseta escarlate com a estampa do rosto de um ex-presidente da República encarcerado. Tem também um lenço turco sobre os ombros. Já a moça está em trajes que fazem dela uma personagem do cinema neorrealista italiano. Guiando um carro luxuoso, sujeito de meia-idade flagra a cena, detecta a indumentária e, transtornado, grita: "Comunista de merda!". Na calçada, os transeuntes, entre a surpresa e o embaraço, entreolham-se. Um deles, à espera da abertura do semáforo da esquina com a Angélica, pergunta ao vento: "Ele está esbravejando contra quem? Pra quê isso?". O veículo – um SUV, na linguagem automotiva - segue pelo asfalto. Assim como o clima eleitoral nada saudável neste inenarrável 2018.
Bairro de Higienópolis, aprazível tarde de sábado paulistana. Jovem casal deixa um prédio de apartamentos. Desce os degraus da pequena escada que leva à portaria, numa movimentação visível para quem passa pela homônima avenida em frente. Por baixo do paletó, o rapaz veste uma camiseta escarlate com a estampa do rosto de um ex-presidente da República encarcerado. Tem também um lenço turco sobre os ombros. Já a moça está em trajes que fazem dela uma personagem do cinema neorrealista italiano. Guiando um carro luxuoso, sujeito de meia-idade flagra a cena, detecta a indumentária e, transtornado, grita: "Comunista de merda!". Na calçada, os transeuntes, entre a surpresa e o embaraço, entreolham-se. Um deles, à espera da abertura do semáforo da esquina com a Angélica, pergunta ao vento: "Ele está esbravejando contra quem? Pra quê isso?". O veículo – um SUV, na linguagem automotiva - segue pelo asfalto. Assim como o clima eleitoral nada saudável neste inenarrável 2018.
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