Passei grande parte da juventude em assembleia. Em intermináveis assembleias que tramavam derrubadas de governos, problemas para a polícia e constrangimento de generais diante de seus exércitos. E sofria. Pois, embora militasse em organizações punk de cunho anarquista, nunca tive coragem de anular o voto. Lembro que no auge das manifestações antimilitares e em prol do voto nulo de 1988, por exemplo, eu, completamente imerso nos protestos de rua em São Paulo e regiões vizinhas, era assombrado pela ideia de rasurar a antiga cédula eleitoral. O desconforto foi ainda maior em 1989, quando da primeira eleição direta para presidente da República desde o golpe militar de 1964. Na minha babel ideológica particular, onde estrelavam Leon Trotsky, ensinamentos pacifistas do Redson (ah, o Cólera), Bakunin, Malcolm X, o conteúdo das revistas “Chiclete com Banana” e “Animal”, Sham 69, Marcus Garvey, as primeiras pesquisas sobre rastafarianismo (“Punky Reggae Party”, do Bob Marley, era a pegada), en...
Samplers literários, produções próprias, citações de terceiros e quartos, autopromoção desavergonhada, convites irrecusáveis, beijos roubados, blablablás, terrorismo esporte fino e outros delírios num blog de Rodrigo Carneiro, seu criado