Neste final de semana, o cantor e compositor Hyldon foi a estrela do projeto "Álbum", do SESC Belenzinho, em São Paulo. O fino repertório do disco “Na rua, na chuva, na fazenda”, de 1975, foi executado na íntegra. E eu assinei o texto do programa do espetáculo. Ei-lo.
Soteropolitano radicado no Rio de Janeiro, Hyldon integra a Santíssima Trindade do soul brasileiro. Está ao lado de Tim Maia e Cassiano no mistério da fé. A posição de destaque na mitologia do balanço foi conquistada com o lançamento de “Na rua, na chuva, na fazenda”, de 1975, seu inspirado álbum de estreia. Ou melhor, antes disso. Afinal, por conta dos embates com a indústria fonográfica da época, o álbum só conseguiu chegar às lojas dois anos após o estouro do primeiro compacto simples. Com o espontâneo sucesso radiofônico de temas como “Na rua, na chuva, na fazenda (Casinha de sapê)” e, posteriormente, “As dores do mundo”, os burocratas descobriram o óbvio: diante de seus narizes, havia um verdadeiro estilista de sonoridades. O disco traz, além dos arrasa quarteirões já citados, as belíssimas “Na sombra de uma árvore” (que inicia o discurso amoroso com um irresistível “Larga de ser boba e vem comigo/ existe um mundo novo e quero te mostrar”), “Acontecimento”, “Vida engraçada”, “Guitarras, violinos e instrumentos de samba”, “Sábado e domingo”, “Quando a noite vem”, entre outras tantas. Composições de fina exuberância harmônica defendidas por Hyldon que, antes de surgir como artista solo, atuou como guitarrista de Tony Tornado, Wilson Simonal e Eliana Pittman, além de produtor musical de álbuns de Erasmo Carlos, Wanderléa e Odair José. Passadas quatro décadas da edição de “Na rua, na chuva, na fazenda”, o cantor e compositor, com disco recente na praça, “Romances urbanos”, de 2013, congrega em seu diversificado rol de intérpretes, parceiros e cultuadores gente como Marisa Monte, Jota Quest, Kid Abelha, Mano Brown e Céu. E a lista segue.
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