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Gostosas


ANTONIA

E se ela, com um sorriso interesseiro e intrometido, tudo muito “um dia depois do outro”, realmente aparecer?

E se ela, ensolarada e maconheira, tirar a camiseta, jogar os coturnos na minha cabeça e me cobrar “aquele mico em Parati”?

E se ela, com a mesma inflexão da chegada, me perguntar: “Você ainda tá a fim?”?

MAÍSA

Minha dentista.

Quase tímida se não fosse meio caipira (ou vice-versa), delicada e inexplicavelmente casada com um brucutu. Apanha.

O tratamento de canal mais triste da cidade.


Trechos do livro O BANQUETE – As gostosas de Caco Galhardo revisitadas por Marcelo Mirisola (2004), que eu tive o prazer de reencontrar na manhã desta terça-feira.

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Escovinha ou função, um breve estudo sociológico

'Back in black' (1986), do Whodini; “I’m a ho!” é a quarta faixa do álbum Dia desses, no Facebook, o amigo Neco Gurgel postou uma música do Whodini, a clássica “I’m a ho!”. Nos bailes black de periferia, o refrão da faixa era conhecido e sobretudo cantado como “Desamarrou (e não amarrou)”. Paródias do tipo eram bastante comuns naqueles tempos, final dos anos 1970, começo dos 1980. Na tradução marota da rapaziada, o funk "Oops upside your head", da Gap Band, por exemplo, ficou informalmente eternizada como "Seu cu só sai de ré". Já “DJ innovator”, de Chubb Rock, era “Lagartixa na parede”- inclusive gravada, quase que simultaneamente, por NDee Naldinho, em 1988, como “Melô da lagartixa”. A música do Whodini, lançada em 1986, remete a um fenômeno que tomou as ruas do centro de São Paulo, e periferias vizinhas, antes da cultura hip hop se estabelecer de fato: o escovinha, também chamado de função. Em “Senhor tempo bom”, de 1996, os mestres Thaíde & DJ Hu